sábado, 19 de setembro de 2009

DIA DO GAÚCHO

              Não é fácil falar sobre o gaúcho, exatamente porque muita gente já falou e, mesmo sem esgotar o tema, acabamos caindo no mesmo discurso da valentia, da coragem, da limpidez do olhar, da autenticidade.

              Por não entenderem as razões que levaram os gaúchos a pegar em armas e demonstrar bravura, muita gente os considera petulantes, exibidos, metidos a valentes. Todavia, nenhum outro estado da união teve que brigar tanto para continuar sendo brasileiro. Até hoje o Uruguai e a Argentina espicham o olho gordo para o pampa gaúcho, verdadeiramente semelhante ao deles, com indisfarçável cobiça. Mas os gaúchos são e serão sempre brasileiros.

               O que é ser gaúcho afinal?

                Em primeiro lugar, é ter nascido no Rio Grande do Sul. Os gauchos (sem acento) dos países vizinhos que me perdoem, mas para mim são falsificados, apesar do pampa e dos costumes parecidos. Se nasceu em Alegrete ou em Bagé então, é mais gaúcho ainda!

               O verdadeiro gaúcho conhece (e segue) todos os costumes campeiros, mesmo sem nunca ter morado numa estância.

              Diz Veríssimo que a “termo” (garrafa térmica) deu mobilidade ao gaúcho, então a roda de chimarrão, originária dos galpões, ganhou praças, praias, lojas, escolas, bancos, qualquer lugar. Ele toma mate quente, inclusive, na beira da praia, com um “sol de rachar mamão” (que o certo é mamona).

             Almoço de domingo é churrasco e o resto é perfumaria. Paleta de ovelha é a carne mais apreciada. E só sal grosso, nada de molhos ou temperos.

             Cavalo é o melhor amigo do homem e cusco é cusco.

            Gaúcho só torce para um time, se não for para o Internacional, será para o Grêmio. E ponto. Nem a seleção brasileira vale mais para ele que seu time do coração.

            Ser gaúcho é também olhar com cara de pena para aquele que conta piadas em que o papel do gaúcho é sempre o do veado. Sacudir a cabeça e pensar com seus botões: - Inveja mata!

            Guri, gurizinho, gurizote, guria, guriazinha; doce de festa é “negrinho” e misto quente é torrada. Pão é d’água ou sovado, além do tal “cacetinho”. Nem vou me estender nesta área porque diferenças regionais existem no país todo e não é isso que compõe a essência do gaúcho.

            Para mim, a maior diferença que percebo é o patriotismo exacerbado, o valor dos costumes, o orgulho da terra e do povo. As crianças já aprendem desde pequenininhas a amar sua terra e a preservar sua tradição. O folclore riquíssimo é cuidadosamente passado de geração a geração, mesmo que cada vez menos os gaúchos vivam na zona rural e mais nas cidades.

          Encontramos gaúchos em toda parte, dentro e fora do Brasil e são reconhecidos pela sua simpatia, sorriso aberto, olhar franco, voz forte e pausada, usando “Bah” a toda hora, como interjeição.

         Agora, se em qualquer desses lugares, bem longe do pago, de repente tocar o “Canto Alegretense”, vocês verão que os fortes, os bravos também choram, se emocionam e morrem de saudades da sua terra.

          Parabéns gauchada por mais um 20 de setembro!


          Bom desfile!

Um comentário:

Elisabete Stolarski disse...

Fui casada com um gaúcho e adoro este povo, aprendi com minha sogra D. Alexandra, que já não está mais entre nós, a tomar chimarrão, aprendi com meu sogro Sr,. Leandro a gostar de costela, com meu ex marido Marcos aprendi muita coisa do pessoal do RS. E como você diz eles são muito simpáticos e acrescento mais... muito hospitaleiros.