sábado, 26 de fevereiro de 2022

BALANÇO PRECOCE

 

                   Mais de dois anos depois, ainda estão morrendo mais de mil brasileiros por dia de Covid e suas complicações, totalizando quase seiscentos e cinquenta mil óbitos no Brasil e seis milhões de vidas perdidas no mundo por essa Covid-19.

                  Assim, de repente, sem aviso prévio, no meio da rotina, dos sonhos e planos de toda gente chegou este coronavírus e colocou o mundo de joelhos. Um camaleão do mal, que vai se disfarçando, se modificando para driblar o esforço imenso da Ciência para contê-lo.  Onde a vacinação ainda é insuficiente, variantes e sub-variantes continuam surgindo.

                  Já são mais de vinte e sete milhões de casos registrados no Brasil, fora os que não foram testados, ou não comunicaram o resultado dos testes aos órgãos da saúde.

                Mesmo assim, muitos brasileiros optaram por viver este Verão como se a pandemia já tivesse acabado. Oxalá fosse verdade!

                Sendo assim, fazer um balanço da pandemia agora parece precoce e só se justifica quando procuramos desviar o foco do assunto dominante, ainda que continuemos a seguir todos os protocolos, usando máscaras e com esperança de retomarmos a vida que foi interrompida.

               Então, vamos contabilizar o que for possível. O que mudou? Vou tentar aqui elencar alguns fatos, a meu ver inquestionáveis.

            - O humor das pessoas sofreu grandes transformações. Tristeza, revolta e desesperança apagaram o sorriso de muita gente.

              - O peso da maioria das pessoas, reclusas e medrosas, sofreu um acréscimo considerável.

                - Surgiu a febre das “lives”. Todo mundo fazendo e assistindo “lives”, criando canais no YouTube, engordando a conta dos novos profissionais chamados “youtubers” ou “influencers” (sempre em inglês, é claro).

              - A profilaxia, a medicina preventiva foi abandonada num certo período e, sem os exames de rotina, as doenças afloraram com vigor depois da quarentena. A medicina voltou a ser terapêutica apenas e, muitas vezes, tardia.

              - As redes sociais, muitas vezes, se tornaram antissociais, afastando amigos, criando inimizades por conta dos políticos.

                 - Cada um teve liberdade para dizer o que quisesse na internet e as “Fake News” acabaram engolindo as notícias reais, com trágicas consequências.

                - Muita gente aprendeu a cozinhar, um pouco por necessidade e outro tanto para preencher o tempo. E não faltaram programas de culinária apoiando os novos cozinheiros.

                 - Estabelecimentos comerciais fecharam suas portas, demitindo os funcionários e a fome passou a rondar as famílias dos desempregados.

               - Campanhas de solidariedade procuraram amenizar a triste situação das famílias que não tinham o quê colocar nas panelas e nem dinheiro para comprar o gás que cozinharia os alimentos. Queimaduras, incêndios e até mortes aconteceram pela improvisação de tentar fazer fogo com álcool ou com gás GNV, para cozinhar.

             - Quando as tão desejadas e esperadas vacinas chegaram, não faltou polêmica e campanhas difamatórias, que acabaram confundindo as pessoas e muitas morreram da doença, porque não tinham sido vacinadas.

             - O “home office” diminuiu o espaço nas casas e nem sempre surtiu o efeito desejado, dependendo muito da rotina familiar e do comprometimento do trabalhador.

             - O ensino à distância pode até funcionar com os universitários (dependendo do curso), todavia, demonstrou ser improdutivo para as crianças e adolescentes.

             - A maioria dos profissionais da saúde contraiu Covid, muitos morreram e os hospitais diminuem e aumentam o número de internações, sem nunca zerar.

            - Viagens foram canceladas, muitas vezes até por falta da tripulação, também infectados e em quarentena pela Covid.

              - Os artistas e profissionais da área do entretenimento foram muito atingidos e talvez demorem bastante a se recuperar. Alguns até trocaram de área. Festas não acontecem mais, ou têm o público bem reduzido e cheio de protocolos. Teatro, cinema, shows, casamentos, formaturas, tudo acabou sendo adiado ou limitado a um certo número de pessoas, sempre mascaradas.

             - A natureza, vilipendiada pelo homem, começa a se revoltar a e a mostrar quem manda no planeta. Quando os ecologistas alertavam para o desmatamento e o perigo do aquecimento global, eram chamados de “ecochatos”. Agora, uma seca nunca vista aniquila as plantações na região Sul, seca os rios e mata o gado de fome, enquanto o Nordeste transborda e o Sudeste sofre calamidades inenarráveis, com o excesso de chuvas.

              - Estados Unidos e Rússia afiam suas armas, num perigo iminente de uma Terceira Guerra Mundial. Os motivos são vários (desta vez seria a invasão da Ucrânia pela Rússia), quando, na verdade, esses inimigos poderosos mal disfarçam sua beligerância.

              Enfim, nada que se possa ainda chamar de “vida normal”. Assim foi 2020, depois 2021 e continuamos incertos em 2022, com esses agravantes.

             Parece que até a Fé das pessoas ficou abalada, o que só piora as coisas. No começo as pessoas rezavam o tempo todo, com as perdas passaram a questionar o Criador e a impossibilidade de frequentarem as igrejas certamente contribuiu para esse distanciamento.

               Os livros têm sido a minha fortaleza, o meu refúgio, a minha tábua de salvação. Os que leio e os que escrevo.

               E ofereço a vocês!


 

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