Fazendo palavras cruzadas escrevi “organdi”, como tecido
transparente e meu pensamento voou...
Hoje compro minhas roupas prontas, mas não foi sempre assim.
Desde bem pequena frequentei costureiras e assim foi até casar. Até me mudar de
cidade e não conhecer ninguém que costurasse bem.
Como única neta da minha vaidosa avó materna, vivia
enfeitada, com chapéus, babados e tecidos desconfortáveis... e lindos! Contam
que a lavadeira da família fazia uma exposição dos meus vestidos no varal da
sua casa quando os levava para lavar. E quem os criava e costurava era a dona Mozinha.
Depois veio a dona Hercília e ainda adolescente eu vivia
folheando os Burda, Manequim e outras revistas de modelos de roupas. Os
vestidos de festa eram feitos pela dona Odete Torcelli. E quase não nos era permitido
repetir roupas nos grandes eventos.
Com 15 anos escolhi um brocado prateado e fui à Santa Maria
comprar os adereços para a roupa da minha festa.
Para o debut fui a Porto Alegre, na Casa das Sedas, trazer o
tecido e o modelo desenhado especialmente para mim. Era um vestido de organdi suíço,
pesado de pedrarias, bordado magistralmente pela Cloé Rios.
Apenas três anos depois voltei à capital, na mesma loja
famosa, para trazer o desenho e o tecido do meu vestido de noiva.
Eram sedas, brocados, organdis, organzas, broderis, veludos,
cetins... e tantas provas que o compromisso com a costureira costumava ser mais
frequente que as visitas ao dentista. Aperta aqui, ajusta, solta, franze,
plissa... enfim, a roupa tinha que ter um caimento perfeito, os botões eram
levados para forrar e às vezes o sapato também tinha que ser forrado do mesmo
tecido do vestido.
Hoje, o máximo que nos oferecem nas lojas é encurtar a
bainha ou outra ínfimo ajuste. Os tecidos são sintéticos, misturados, lavados
na máquina. E as mulheres vivem de calças compridas, inverno e verão.
Bem diferente de tudo o que usamos um dia.
E eu que ainda queria ter vivido no tempo dos vestidos compridos,
com espartilho e muitas anáguas...
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