Sei que a maioria dos meus leitores já tem netos, ou filhos
crescidos; no entanto, espero que compartilhem esse texto e a mensagem contida
nele com pais de crianças, ou quem tem crianças em casa, sejam elas adotadas,
biológicas, filhas do casal, filhas de um ou do outro, netos, afilhados, enfim...
crianças!
Vemos a infância passar desperdiçada em grande parte dos
lares, com os pequenos escravizados pelos brinquedos eletrônicos, ou imóveis
diante da TV, convivendo com pais cansados, estressados, raramente dispostos a
sentar para brincar, a ouvir com paciência suas histórias, a educar com
diálogo, sem gritos ou ameaças. Nesse caso, perde muito a criança, todavia, a
perda dos pais é maior ainda, porque, quando se derem conta, os filhos já
cresceram, já ficaram com marcas profundas desses tempos mal aproveitados e nem
querem mais a presença deles por perto.
As escolinhas para pequeninos vieram resolver o problema das
mães que trabalham fora, no entanto, é muito difícil que uma ou duas
professoras possam estimular, acarinhar, respeitar os horários de cada bebê
quando têm muitos para tomar conta. E falar em “socialização” para bebês de
fraldas é um pouco forçar a barra e aliviar a consciência. Chupetas
compartilhadas, choros na hora do soninho, viroses em profusão, o saldo não é
pequeno.
É aí que entram as avós. Feliz de quem pode contar com uma
vovó disposta a assumir essa ajuda na criação dos netos. Não é tarefa fácil,
exige bastante renúncia e dedicação, alguma força física e disponibilidade
total de horários, abdicando de todas as outras atividades reservadas à
terceira idade. Não são muitas as avós que assumem essa missão. Uma babá
supervisionada pela avó também pode ser positiva para a criança pequenininha,
que assim permanecerá mais tempo protegida em sua casa.
Os avós que cuidam dos netos acabam curtindo a infância até
mais do que os pais, porque já estão aposentados e não precisam lutar pela
manutenção da família, ou viver correndo em busca de sonhos e ideais cada vez
mais inatingíveis. Ganham as crianças, porque podem brincar calmamente, contar
suas historias e desfrutar dos colos, abraços e beijos sem pressa. Com certeza
esses pequeninos ficarão imensamente apegados aos avós e, com isso, despertarão
ciúme nos pais, que não aceitam com facilidade aquele chororô na hora de ir
embora.
A questão é essa: os pais devem reservar as melhores horas
da sua folga no trabalho para curtir seus filhos, não os arrastando pelos
shoppings num frenesi consumista, mas brincando com eles, conversando, deixando
que, através das brincadeiras, eles manifestem seus sentimentos, seus medos,
suas preocupações. Sim, criança também as tem!
Uma historia bem contada na hora de dormir, escolhida de
acordo com o relaxamento que se faz necessário nesse horário, e não uma TV
ligada nos desenhos de sempre, é uma receita mais eficaz de um sono tranquilo.
Tarefas escolares realizadas com paciência, muito longe da
TV desligada, aproveitando o momento para ouvir os relatos da aula,
administrando as queixas, sem falar que a professora tem sempre razão, pois
existem professores que não são perfeitos e sua criança tem o direto de questionar.
A mediação dos pais é fundamental!
Se os pais acham muito difícil seguir essas normas, deveriam
pensar bem antes de ter filhos, porque roupas, sapatos, enfeites e brinquedos
são supérfluos, mas a educação, no seu sentido mais amplo, é fundamental!
No Dia da Criança e em todos os outros, curtam suas
crianças, deem a elas o que elas precisam e esperam de vocês – atenção!
O tempo passa depressa demais e depois não adianta ficar
chorando de saudade diante das fotografias do seu filho pequenininho.
A hora é agora senhores pais de crianças!
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