“Não
há um só caso em que parcela ampla da população de um país tenha ascendido a
níveis altos de renda sem elevar o nível da educação."
OTAVIANO
CANUTO
ex-Vice
presidente do Banco Mundial
Para confirmar o tema, basta assistir
os telejornais, ler jornais e revistas, olhar ao redor.
Enquanto as favelas vivem em
pé de guerra, com ruelas imundas e esgoto a céu aberto, com menores de idade
armados dando tiros a esmo, com pobre roubando pobre para comprar droga...
Do outro lado das cidades se
enfileiram as lanchas, os carrões, os “bem nascidos” gastando a rodo,
ostentando, humilhando, desafiando leis e autoridades, comprando tudo com dinheiro,
inclusive as mulheres mais lindas, que passam a vida nas butiques e centros de
estética, tentando pescar um marido milionário.
No centro, os que procuram
conquistar seus sonhos à custa de estudo e trabalho, que se decepcionam com a
corrupção e a roubalheira, que desacreditam em seus representantes, que não têm
segurança em lugar algum, que vivem sendo assaltados e temem pelo futuro de
seus poucos filhos.
Para os pobres marginalizados
o remédio urgente seria o controle da natalidade, a fim de que parassem de jogar
crianças no mundo sem a menor responsabilidade sobre elas, gerando bandidos,
ávidos por obter a qualquer preço o que seus pais nunca lhe deram. Isso passa,
obrigatoriamente, pela educação, pelo sentido da vida e das reais
possibilidades de gerar filhos, pelo controle da natalidade e das doenças
sexualmente transmissíveis, pelo afastamento das drogas.
Para os riquinhos sem
limites, dilapidadores da fortuna que não ajudaram a amealhar, o remédio também
é educação, valores, bons exemplos, solidariedade, honestidade, lisura.
Esses seres humanos coabitam
num mesmo tempo, em mundos que nunca se tocam e que, para se tocarem, precisam
esmagar os do meio, os incautos, os sem proteção, os sem impunidade.
Continuo com minha ideia de
que a estratificação social não deva ser representada por uma pirâmide, mas por
círculos, que giram ao redor da órbita sem jamais se misturarem.
São seres humanos, nasceram e
certamente morrerão. Tem sangue correndo nas veias e um coração batendo, mas as
semelhanças param por aí. A não ser pelo fato de que nem uns, nem outros
costumam abrir um só livro para ler, o que lhes faz imensa falta!
Felizes os que se isolam e se
protegem nas artes, na música, na literatura, na dança, na pintura. Felizes os
pesquisadores, os aventureiros, os que perseguem seus sonhos e não se desviam
da rota.
Pobres dos conscientes, dos trabalhadores,
dos esforçados, dos que se informam, do que meneiam a cabeça todos os dias
diante das manchetes dos jornais e dos que pedem proteção divina para si e para
os seus cada vez que levantam da cama bem cedo, em todas as manhãs.
Educação. Palavra chave, tão desgastada
e tão pouco utilizada em plenitude.
Educação nos morros e
favelas, educação nos bares finos e festas milionárias, educação no trânsito,
nas calçadas, nas filas, nos prédios de apartamentos, nas praias, nas estradas,
nas escolas principalmente.
É a única solução.
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