"Todos cantam sua terra, também vou cantar a
minha..."
Para quem abriu os olhos para a vida numa primavera
alegretense na Rua Mariz e Barros, aprendeu as primeiras letras no
"Oswaldo Aranha" e as primeiras orações na Igreja Matriz, dançou sua
primeira valsa no Casino e namorou no Cine Glória e no Quiosque da Praça...
viver ou reviver em Alegrete nas férias e feriados é mais do que um prazer, é
mesmo uma necessidade.
Entre as ruas, as árvores e o meu povo sinto-me inteira,
encontro minhas referências e as razões de tudo o que sou e não sou; as
respostas para meu jeito de ver e sentir as coisas, as pessoas e a própria
Vida.
Os alegretenses, para mim, têm o olhar mais franco, o
sorriso mais aberto e as histórias que contam têm mais ressonância, porque
também as vivi.
Meus amigos, os pais dos meus amigos e agora os filhos deles
são galhos de árvores conhecidas, cujas sementes nunca caem muito longe do
tronco.
O mate é mais amargo e espumante, o churrasco mais
suculento, a chula mais bem dançada e, na música, tem o Canto Alegretense que
já virou hino do Rio Grande.
Recordista em CTGs e escolas de dança clássica e piano, este
é o meu Alegrete, famoso por tudo e por nada, reconhecível pela sua
"diferença" no cenário gaúcho.
A cidade grande, com seus teatros, bares e festas famosas
absorve-nos num conveniente anonimato, possibilitando maior crescimento
individual. Nossa alma gaudéria , no entanto, revigora-se a cada volta, revendo
os amigos, recebendo cumprimentos afetuosos pelas ruas, inteirando-se do
destino de cada um e da cidade - berço de todos.
O céu de Alegrete é mais próximo, as estrelas mais
brilhantes e a lua cheia ilumina, escandalosa, cada recanto do pago. É um
verdadeiro planetário à noite e uma festa luminosa durante o dia, quase sempre
com "céu de brigadeiro".
O verão é mais quente, o inverno mais gelado e o Minuano
serpenteia com gosto por entre o Ibirapuitã e o Caverá.
Isso faz da nossa gente gaúchos mais campeiros, prendas mais
faceiras, poetas mais inspirados e escritores mais "modestos", como
esta que vos fala e que, modéstia à parte, também é alegretense. Ainda bem!
Um comentário:
A perfeita fotografia sentimental, de quem partiu e não apagou seu passado.
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