Para que nascemos? Por que morremos? Em que devemos
acreditar? Para onde iremos? O que faremos com essa bagagem toda que vamos acumulando
pelo caminho?
Feliz de quem tem todas as respostas! Mais feliz ainda quem
nem se preocupa com as perguntas. Vive como erva daninha, que ninguém planta, ninguém
colhe e não faz falta no mundo.
Como suportar a dor de saber que todas aquelas pessoas e pessoinhas
que mais amamos um dia vão morrer?
Como viver sempre com medo de ser atingido, ou, pior ainda,
de ver um dos nossos queridos ser atingido por uma dessas doenças terríveis que
aumentam a cada dia? Ou alvos da violência cruel que devasta a sociedade?
As glórias, as plenitudes, os sucessos são deliciosos, mas
efêmeros, o sabor logo se esvai, sufocado pelas dúvidas oriundas da consciência.
Somos pequenos, frágeis, insignificantes, muitos!
Basta pegar uma lista telefônica de um estado apenas, de um país
só e ver quantos somos espalhados por aí, cada um se achando o centro do
universo e com a ilusão de que fará uma falta imensa no mundo quando partir.
Não dá pra viver encarando a finitude, a decrepitude, o passar
do tempo. Mas ele passará mesmo que não se pense nele, ainda que o espelho e os
amigos mintam, apesar de existirem compensações.
Por que não seguramos nas mãos aquela risada gostosa da infância,
aqueles olhares melosos da adolescência, a impetuosidade desbravadora da
juventude?
E os bens materiais? Lindos, reluzentes, confortáveis, no entanto,
pedaços de lata, de madeira, de aço, de tecido, de couro, coisas que não podem
nos representar, nem traduzir nada do que sentimos de verdade. São apenas
maquilagens para o ocaso da vida, quando finalmente podemos obter benesses
compráveis, em troca da nossa virgindade existencial.
A vida pode estar escondida nas palavras, nos guarda-roupas
arrumados ou bagunçados, na despensa cheia ou desfalcada, nos cadernos
espalhados, nas contas honradas ou penduradas aqui e ali, nos consultórios, no
talão de cheques, nas redes sociais, no telefone, no anestésico da televisão,
nos sorrisos, nos abraços, na saudade, no cansaço, na insônia, na viagem, no deslumbramento,
na decepção, numa carta, numa fotografia, numa música, numa comida, num filme,
numa notícia, num elogio, numa demissão, num embate, num contrato, num erro,
num acerto, numa decisão.
Depois de tudo isso, o que resta?
A vida, portanto, não é o princípio, nem o fim, mas o meio.
2 comentários:
maravilhosos questionamentos. bjs
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