Os livros sempre foram parte importante da minha vida, da decoração da
minha casa, da composição das minhas malas, de tudo o que faço enfim.
Tem gente que se detém diante de uma vitrine de sapatos, de perfumes, de
joias, pois eu me esqueço do mundo e do tempo quando entro numa boa livraria.
Fico embevecida, querendo comprar e ler tudo e é muito raro que saia sem uma
sacola pesada de novas aquisições. Posso dizer com certeza que gastei sempre
boa parte do meu salário com livros. Sem arrependimentos! Na companhia leve e
mágica da leitura tive as horas mais prazerosas e mais baratas, além das
viagens, dos devaneios e do convívio familiar.
Sempre emprestei muitos livros também. Muitos não foram devolvidos, mas
o que importa é que tenham sido lidos. Para quem gosta de ler, um bom livro é
sempre o melhor presente e não conseguiria contabilizar os livros que
presenteei. Cada vez que organizo minha estante maior da sala, costumo doar
muitos livros para as bibliotecas da cidade, pois os livros foram escritos para
serem lidos e não apenas para enfeitarem os armários das casas.
Quando pude conhecer parte da Europa, uma das coisas que mais me chamou
a atenção foi a voracidade de leitura dos europeus. Eles leem muito, leem em
todos os lugares, até mesmo de pé no metrô; além disso, existem livrarias em
todos os quarteirões e os livros são muito valorizados. A mesma quantidade de
farmácias que temos por aqui é representada pelas livrarias lá, uma vez que
eles só vendem remédios com receita médica e lá o povo não tem o hábito de se
automedicar.
No Brasil, infelizmente, os leitores são exceção. Não existe uma cultura,
um hábito de leitura e a maioria acha que comprar livros é jogar dinheiro fora.
Trinta reais são valorizados numa pizza média, num DVD, numa camisetinha
despojada, num creminho de farmácia, num batom, num enfeite de natal, ingressos
para o futebol, cervejas, mas num livro – que o escritor leva anos escrevendo –
é muito caro!
Nosso povo, sempre com as maravilhosas exceções, só aprecia livros
ofertados ou emprestados, comprados só raramente. Agora, quando surge um best
seller, daí todo mundo quer comprar e ler, para dizer que também leu, mesmo
que não tenha entendido muita coisa e gostado menos ainda. Há um campeão de
vendas no momento que provoca filas quilométricas e, inclusive, manda outras
pessoas autografarem em seu lugar, pois não daria conta de estar em todos os
lançamentos. Será seu livro tão bom assim?!
E a mídia? Que importância dá aos escritores? Que divulgação faz dos
novos títulos e novos autores? Que análise? Que crítica? Cadê os críticos
literários? Cadê o espaço para quem se esforça tanto e dedica sua vida a
incentivar a cultura num povo consumista e hedonista?!
Sou brasileira e não desisto
nunca! Vou continuar escrevendo, publicando e esperando que, um dia, além dos
elogios, receba também o interesse dos leitores por adquirir, ler, emprestar,
manusear os meus livros e de tantos outros heroicos escrevinhadores, que não
desistem de lançar no mercado editorial mais do que autoajuda, receita de bolo
ou versos de má qualidade.
É isso. Poderia se chamar “desabafo de uma escritora”, mas optei pela
palavrinha mágica que precisa entrar de vez no vocabulário dos brasileiros: livros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário