Já fui dona de muitos cadernos.
Demais até.
O único comércio que eu poderia ter
seria uma livraria/papelaria, pois amo papel, caneta, lápis, borracha,
envelope, apontador.
Aprender a ler e a escrever foi o maior
de todos os aprendizados. Todo o resto não passou de perfumaria.
Depois que aprendi, nunca mais parei.
Escrevo até em espelho embaçado de
banheiro, depois de um banho quente.
Agora, quis escrever e não achei, de
pronto, caderno vazio. Só este, que era de preparar as aulas de Literatura para
o curso de Letras da UFSC. Diz aqui que era de 1996. Ontem.
A cabeça sobrevoa, plaina, aterrissa e os momentos fiam nítidos e fortes outra vez. Recordar é viver!
Naquela época eu
tinha dois empregos, como sempre. E três filhos atletas e universitários que
comiam – literalmente – meus dois salários. E minha letra (vejo no caderno) era
bonita, redonda, caprichada, como se eu dispusesse do dia todo para desenhá-la.
Hoje, até minha letra enfeou.
E os assuntos então...
Queria o tal caderno para iniciar um
relato da minha experiência como “vovó-babá”.
E me transportei lendo Simbolismo,
Cruz e Sousa, Drummond, João Cabral, Ferreira Gullar, Haroldo de Campos e por
aí afora.
Penei de saudades. Tenho medo de
emburrecer. Ou deletar tudo o que sabia.
Será?!
Quantos cérebros privilegiados já se
acabaram em vida, quantos anos de estudo consumidos, quanta cultura
desperdiçada!
Quando as pessoas que têm o que dizer,
contar ou ensinar morrem, sua bagagem cultural deveria se preservada, congelada,
ou pairar sobre os menos providos.
Em contrapartida, quem me garante que
o diário de uma avó paterna tomando
conta da netinha o dia inteiro não poderia interessar até a mais leitores?
Adorei, por exemplo, ler sobre a experiência
de Sônia Bridi na China e já estou esperando (e torcendo que venham) seus
relatos de Paris.
Tem gosto pra tudo!
Ainda bem!
PS.:
O livro “Piccolina”, relatando dois anos de cuidados diários da minha netinha
Bruna foi escrito, editado e distribuído com bastante sucesso. Com cinco anos
agora, continuo cuidando dela e da priminha Alice, com 1 ano apenas.
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