Uma amiga pediu
que eu procurasse umas fotos dos nossos filhos pequenos e eu, então, mergulhei
nos álbuns e caixas de retratos.
Minha família
sempre gostou de eternizar momentos significativos e eu organizei muitos álbuns
dos meus filhos, com legenda e tudo o mais. Aliás, estou fazendo o mesmo para
os netos.
De uns tempos
para cá, deixei de apreciar os momentos nostálgicos dedicados a rever as fotos.
Não me sinto bem. Queria perenizar a infância dos meninos e, se possível,
conservar um pouco do visual que eu tinha.
Vejo as festas
de aniversário – tantas! – organizadas inteiramente por mim, dos doces à
decoração e os meninos sempre tão bem apresentados, mesmo trabalhando fora e
vivendo sempre longe da família. Constato, assim, o quanto fui exigente comigo
mesma e me dei pouco valor.
Comparando com
as facilidades de hoje, concluo que a gente trabalhava muito mais e reclamava bem
menos.
Queria também
conservar meus pais mais novos, minha avó conselheira, minha família enfim!
A gente cria os
filhos para o mundo e jamais me ocorreria nenhum tipo de chantagem emocional
para mantê-los atrelados a mim. Acontece que, embora distantes, o elo amoroso
permanece, às vezes estica como elástico, parece que vai romper e a volta é
também semelhante à do elástico que, uma vez solto, retorna de supetão e com
força ao ponto de onde foi esticado.
Mesas de
aniversário, fantasias, uniformes, botas ortopédicas, piqueniques, viagens,
cachorros, passarinhos, coelhos, bicicletas, mar, rio piscina, pijamas, pão feito
em casa a oito mãos, histórias, sorrisos, beijos, tudo ali eternizado em tiras
de papel colorido.
E a gente com
olhos de futuro, com ímpetos de conquista, numa parceria constante, dividindo
sonhos, multiplicando afetos.
Não gosto mais
de olhar fotografias.
Eu me
transporto ao momento, revivo tudo, lembro com detalhes enquanto não vejo
(olhos perdidos no nada) e, quando vejo, não há mais nada daquilo para ver.
As fotografias
dos netos são as melhores, porque eles são o presente e o futuro, sem espaço
para a nostalgia.
Lembro que
minha avó (faceira) decretou que não queria mais ser fotografada, pois sempre
se achava horrível nas fotos.
Juro para vocês
que eu já estou quase fazendo o mesmo...
Verdade.
Um comentário:
Luíza, esse teu texto está muito triste, embora a minha avó dissesse o mesmo que a tua com relação a não querer tirar fotos. Na época, eu discordava dela, agora sei bem qual a razão! Elizabete
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