quarta-feira, 7 de março de 2018

MULHER



O que significa ser Mulher?
A princípio é ter sido muito desejada pela mãe e nem tanto pelo pai.
É viver cheia de enfeites, laços, bordados e cor-de-rosa desde o nascimento.
É crescer ouvindo a lista interminável das proibições e do “não fica bem para uma menina”.
É descobrir bem cedo que, com jeitinho, é bem mais fácil conseguir as coisas e que aquele menino brutamontes vai apanhar mais da vida, dos pais e dos colegas do que ela.
É aprender, com lágrimas nos olhos, que o fim justifica os meios quando se trata de vaidade e isso significa suportar os puxões de cabelo, os sapatos apertados, as roupas desconfortáveis, os brincos, etc.
Ser mulher é saber que tem um coração enorme, que se enche demais de sentimentos, sejam eles quais forem, e precisar descobrir como lidar com isso da melhor forma.
É desistir de compreender os homens, ou acompanhá-los em sua maneira de encarar a vida e os problemas. Aceitar que só será amada por eles quando não os contrariar, ou fingir o bastante para apreciar seus programas e papos favoritos.
Ser mulher, também, é exigir demais dos homens, querendo que sejam fortes e sensíveis; másculos e jeitosos; decididos e compreensivos, em difíceis dicotomias.
É suportar a menstruação e suas limitações desde os doze anos, sem desistir dos programas por causa dela, apesar do desconforto. Depois se ver cercada de intolerância na TPM e ainda se enternecer com a gravidez, sabendo que terá de passar pelas dores do parto. Tudo isso sem “aborrecer” os homens, ou diminuir seu romantismo, ou entusiasmo.
É se depilar com cera quente, puxar os cabelos com escova ou chapinha, cortar as cutículas, furar as orelhas, tirar as sobrancelhas, usar cintas, soutiens apertados e ainda vestidos decotados em pleno inverno, com pés gelados sob as meias finas; sabendo que , se não fizer tudo isso, será tachada de “pouco feminina”.
Ser mulher é aprender a dominar impulsos e sentimentos; a sublimar o desejo e refrear o homem (mesmo sendo mais jovem do que ele), porque a possível gravidez seria “dela” e o filho, para sempre, “sua” responsabilidade. Além disso, se conseguir ser uma mãe exemplar, nada garante que o pai da criança um dia não a abandone, sob a alegação de que ela “só serve para ser mãe”. E saia pelo mundo a fazer filhos em outras mulheres.
Ser mulher, nesta lista redutora e incompleta, caso contrário teria que escrever um tratado, é também se indignar com o fato de precisar existir um Dia Internacional da Mulher, atestando sua fragilidade e dependência.
E, ainda assim, se emocionar neste dia ao receber flores!




   

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