sábado, 5 de abril de 2014

LIVROS





                      Os livros sempre foram parte importante da minha vida, da decoração da minha casa, da composição das minhas malas, de tudo o que faço enfim.
                     Tem gente que se detém diante de uma vitrine de sapatos, de perfumes, de joias, pois eu me esqueço do mundo e do tempo quando entro numa boa livraria. Fico embevecida, querendo comprar e ler tudo e é muito raro que saia sem uma sacola pesada de novas aquisições. Posso dizer com certeza que gastei sempre boa parte do meu salário com livros. Sem arrependimentos! Na companhia leve e mágica da leitura tive as horas mais prazerosas e mais baratas, além das viagens, dos devaneios e do convívio familiar.
                     Sempre emprestei muitos livros também. Muitos não foram devolvidos, mas o que importa é que tenham sido lidos. Para quem gosta de ler, um bom livro é sempre o melhor presente e não conseguiria contabilizar os livros que presenteei. Cada vez que organizo minha estante maior da sala, costumo doar muitos livros para as bibliotecas da cidade, pois os livros foram escritos para serem lidos e não apenas para enfeitarem os armários das casas.
                    Quando pude conhecer parte da Europa, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a voracidade de leitura dos europeus. Eles leem muito, leem em todos os lugares, até mesmo de pé no metrô; além disso, existem livrarias em todos os quarteirões e os livros são muito valorizados. A mesma quantidade de farmácias que temos por aqui é representada pelas livrarias lá, uma vez que eles só vendem remédios com receita médica e lá o povo não tem o hábito de se automedicar.
                   No Brasil, infelizmente, os leitores são exceção. Não existe uma cultura, um hábito de leitura e a maioria acha que comprar livros é jogar dinheiro fora.
Trinta reais são valorizados numa pizza média, num DVD, numa camisetinha despojada, num creminho de farmácia, num batom, num enfeite de natal, ingressos para o futebol, cervejas, mas num livro – que o escritor leva anos escrevendo – é muito caro!
                  Nosso povo, sempre com as maravilhosas exceções, só aprecia livros ofertados ou emprestados, comprados só raramente. Agora, quando surge um best seller, daí todo mundo quer comprar e ler, para dizer que também leu, mesmo que não tenha entendido muita coisa e gostado menos ainda. Há um campeão de vendas no momento que provoca filas quilométricas e, inclusive, manda outras pessoas autografarem em seu lugar, pois não daria conta de estar em todos os lançamentos. Será seu livro tão bom assim?!
                  E a mídia? Que importância dá aos escritores? Que divulgação faz dos novos títulos e novos autores? Que análise? Que crítica? Cadê os críticos literários? Cadê o espaço para quem se esforça tanto e dedica sua vida a incentivar a cultura num povo consumista e hedonista?!
                  Sou brasileira e não desisto nunca! Vou continuar escrevendo, publicando e esperando que, um dia, além dos elogios, receba também o interesse dos leitores por adquirir, ler, emprestar, manusear os meus livros e de tantos outros heroicos escrevinhadores, que não desistem de lançar no mercado editorial mais do que autoajuda, receita de bolo ou versos de má qualidade.
                   É isso. Poderia se chamar “desabafo de uma escritora”, mas optei pela palavrinha mágica que precisa entrar de vez no vocabulário dos brasileiros: livros.





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