sexta-feira, 1 de novembro de 2013

QUEM SOU EU AFINAL?




Não adianta, entra ano e sai ano e, a qualquer tempinho de paz que eu tenha, nos dias que antecedem meu aniversário, lá vem este ridículo exame de consciência, pesando e medindo tudo o que sou e faço e cada vez me conhecendo menos, ou, pelo menos, tendo mais dúvidas.
Às vezes me pego questionando se eu não fui uma daquelas garotas CDF chatésima, caretésima, preocupada em agradar os adultos e em não transgredir. Já pensei até em perguntar aos meus amigos da vida toda se eu não era assim.
Nunca experimentei nenhuma droga (só cigarro), nunca acampei com uma turma de amigos, nunca dormi na casa das colegas nem levei algum colega (homem) para dormir na minha casa. Casei virgem!
Claro que cometi vários “deslizes”, mas tudo coisa pequena, que a mim (e à minha família) pareciam monstruosas. Tipo namorar escondido, pegar a mão no cinema, matar uma aulinha, nada que comprometesse minha educação espartana.
Hoje sinto mais saudade das coisas erradas que fiz; engraçado...
Sei que estou me transformando numa Madre Tereza porque a vida me colocou no eixo central de toda a minha família e parece que só eu consigo fazer a roda girar e as coisas acontecerem. Não me queixo, acho até que é um papel gratificante, pois significa que sou útil e capaz. Às vezes me sinto cansada, mas uma noite de sono conserta tudo. Só lamento a falta de tempo para o piano e a literatura.
Curioso é que quase aniversariando dei para lembrar momentos felizes de anos atrás, um chopinho ao pôr-do-sol embalado pelas espirais de fumaça do meu cigarrinho de saudosa memória, as noites de muita dança, excessos de todo o tipo, sono atrasado, pilhas de livros para estudar e eu tão viva, tão cansada, tão ativa, tão errada, tão frenética, rindo alto, chorando bastante, sentindo mais raiva, mais ciúme, mais tesão.
Este texto não é conclusivo. Faz parte das minhas reflexões pré-natalícias.
Preciso comer minha linhaça, meu feijão branco moído, meu pão de amaranto, bebendo um chá verde ou branco, legumes orgânicos, frutas da estação, tudo para ter uma velhice saudável. Ai, ai, ai...
Será que não pega bem uma mulher da minha idade sentar num barzinho à beira da praia e tomar um chope gelado, relembrando os bons tempos, ao invés da louvada água de côco?
Que velha pretendo ser? Acho que esta é a questão central.





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