sexta-feira, 29 de novembro de 2013

MACAQUICES À BRASILEIRA

No dia em que o comércio resolveu, mais uma vez, macaquear os norte-americanos, com a tal de "Black friday"...




Gosto muito de Gabriel García Márquez! Ando lendo alguns contos dele, que me deliciam, a não ser pelo fato, preconceituoso e desinformado, dele só colocar personagens brasileiros mulatos, prostituídos e infelizes. Nos navios vindos do Brasil a sensação são sempre os macacos, numa alusão à forma argentina de se referir aos brasileiros. Será ranço da colonização espanhola?
Sou professora de Português e acho a língua portuguesa rica, bonita, sonora. Falo um pouco de inglês, francês e espanhol, o suficiente para afirmar que nossa língua não deve nada às demais. Por que, então, nosso povo insiste nos estrangeirismos, como se as coisas só tivessem valor se escritas em outra língua?
Passeando por um bairro novo de Curitiba, onde os novos ricos estão construindo seus arranha-céus (e desmatando tudo), fiquei desolada ao constatar que todos os edifícios luxuosos tinham nomes em inglês ou francês. Por que será?
Restaurante bom tem cardápio estrangeiro, vinhos importados, como se não estivéssemos no Brasil. E nós sabemos o quanto nossa culinária é rica e saborosa e o quanto nossos vinhos são apreciados no mundo todo.
Lanchonetes assassinam as placas escrevendo em inglês - e tudo errado - lanches feitos bem à moda da casa (da nossa casa).
Famílias menos cultas detonam seus filhos com nomes estrangeiros, escritos como se pronuncia, seguidos de um "da Silva" e com cara de nordestino. Sem preconceitos, é só uma constatação, por favor! 
Dito isso, não podemos nos queixar de sermos chamados de "macacos" por los hermanos, estamos fazendo por merecer. Afinal, os macacos copiam os gestos humanos e os brasileiros arremedam os estrangeiros colocando seus nomes em seus prédios, suas casas, seus filhos, suas roupas, seus acessórios, suas comidas.
Está na hora de nos assumirmos como povo, como gente. Temos uma fauna e uma flora de dar inveja, temperos maravilhosos, roupas cortadas para nosso biótipo, acessórios criados a partir de elementos da nossa natureza, carnes nobres e fartas, frutos do mar em profusão, falamos mais de uma língua (americano só sabe falar inglês), temos cientistas se destacando em pesquisas no mundo todo, uma informática de ponta até ensinando os gringos a votar em urnas eletrônicas, somos asseados (tomamos no mínimo um banho por dia), temos dentes brancos e alinhados e ótimos dentistas (já repararam nos dentes dos filmes estrangeiros?) e temos muitos problemas com a pobreza , a violência, a má distribuição de renda, a falta de saneamento básico, de educação do povo, etc.
Esta é a NOSSA  realidade. Escrita em bom português. Temos que aprender a conviver com ela e a melhorá-la. Sem macaquices!




 

Um comentário:

Elisabete Stolarski disse...

Concordo plenamente... porque insistimos em traduzir tudo para o inglês? Na novela Amor a Vida, a personagem Marcia fica o tempo todo gritando hot dog...hot dog... porque não cachorro quente? Eu não lembro de ver um carrinho de cachorro quente escrito no nosso português... até no programa The Voice Brasil, vejo pessoas com voz maravilhosa cantando em inglês... temos letras muito bonitas que poderiam ser cantadas sem precisarmos apelar para outras línguas...parece que cantar em inglês é mais ''chique''