sábado, 23 de julho de 2011

A NOVA LITERATURA

                Como escrevem os novos autores premiados? Basta ler os textos vencedores dos concursos para perceber que a linguagem tende a ficar cada vez mais hermética e os finais cada vez mais surpreendentes, ilógicos, impossíveis, inesperados.
                 Muitas histórias simplesmente ficam sem fim, deixando ao leitor a tarefa de imaginar um, de acordo com sua própria vivência e capacidade criativa. Na ânsia de serem modernos e de surpreenderem, acabam criando textos inacabados, ao invés de surpreendentes.
                 A ficção costuma acompanhar a vida e esta, muitas vezes, é interessante até mesmo quando previsível. Ou será que vidas comuns não geram bons textos e será preciso sempre percorrer as páginas policiais para criar um bom enredo?
                 Não haverá surpresa e tragicidade no olhar dos amantes no crepúsculo amoroso?
                E a tragédia da sobrevivência? A história dos que levantam antes do sol para trabalhar feito mouros, voltando para casa na hora de dormir e, mesmo assim, com o mês sempre maior que o salário, não será trágica o suficiente? Precisa haver tiros, mortes, torturas, traições de toda ordem para ganhar prêmios?
               Percebe-se, também, uma influência-quase-plágio dos autores mais admirados pelos concorrentes, que muitas vezes não tem pejo de adaptar parágrafos inteiros do livro que leu e gostou, principalmente no tocante à linguagem.
              É claro que observar e divagar sobre as atitudes de um felino, por exemplo, pode render uma boa história, desde que o escritor saiba como preencher as lacunas existentes entre um ronronar e outro do animal.
             Alguns textos premiados parecem ter sido escritos sob efeito de algum narcótico ou medicamento, tal a fuga, a evasão, o nonsense. Pior é o julgador, mesmo sem entender nada, atribuir louros a um texto que não diz e não acrescenta nada, simplesmente para tentar parecer “moderno”.
            É claro que cada geração tem seus próprios representantes, que discorrem sobre seu tempo; entretanto, não esqueçamos que na fina peneira do tempo só os verdadeiramente grandes permanecem e os modismos tendem a sucumbir diante da leva seguinte de escritores.

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