domingo, 3 de julho de 2011

IMAGEM CONGELADA

           Como você se vê? Será que ainda se reconhece nas fotos, nos espelhos, nos detalhes? Ou se surpreende com aquela imagem envelhecida que eles lhe devolvem e que não corresponde absolutamente ao seu retrato pessoal, àquele que acompanha a sua alma e que ficou congelado em suas retinas?
         Cada vez com maior frequência tenho tido desses "sustos", quando surpreendida interagindo com os netos e ainda rivalizando (na foto) com aquela pele de bebê que eles tem. Somos avós, é natural, a questão é que dentro de nós se cristalizou a imagem de uma pessoa que não existe mais.
         Nas festas, quando nos produzimos e ainda fazemos poses para as fotografias, quase sempre saímos bem, às vezes até melhores do que "ao vivo".
         No dia a dia, entretanto, quando alguém captura nossa imagem sem preparação prévia, muitas vezes o choque é inevitável. Envelhecemos, engordamos, enrugamos e não fazemos mais juz àquela imagem congelada dos áureos tempos, nem à jovialidade do nosso espírito. O Inverno então piora tudo, porque nos encolhemos, a pele quebra, o viço some, a alegria é bem mais contida.
         Já se olhou no espelho de manhã, de cara lavada, de pijama, despenteada (o), morrendo de frio? E então? Vai dizer que se achou bem?
          Pois eu preciso desprogramar minha mente e reprogramá-la para esta nova fase da vida, onde a alma se agiganta, o espírito se eleva, a sabedoria atinge seu auge... mas o corpo físico sofre o impacto de tantas emoções, tantos bronzeamentos, tantos invernos rigorosos, tantas lágrimas de tristeza, de alegria, de sensibilidade e, por meios naturais, não há como driblar a passagem do tempo.
          Estou quase chegando ao ponto de só permitir fotografias numa distância "segura", onde a paisagem seja maior que a pessoa. Ou então, no ponto em que a minha avó costumava rasgar quase todas as fotos em que aparecia. Hoje eu entendo porque, é que ela não se reconhecia ali, pois tinha congelado uma outra imagem dela mesma.
         Vou fazer diferente. Vou mostrar a vocês, meus queridos leitores, uma foto dessas em que a aparência não condiz com  o espírito, ainda mais contracenando com um anjinho lindo de três anos.
         Quem sabe este "choque" sirva para que eu vá me acostumando melhor às mudanças.
          Será que sou eu mesma? Cruzes! Jurava que era bem mais moça e muito mais bonita...

      

Um comentário:

Jeanne Geyer disse...

hoje eu sei porque os jovens gostam tanto de ficar se admirando no espelho...
tem um remédio amargo para este dilema: olhar-se demoradamente no espelho. Como os jovens.
aí quem sabe acaba por acostumar com o novo (velho) rosto?
Beijos