Como você se vê? Será que ainda se reconhece nas fotos, nos espelhos, nos detalhes? Ou se surpreende com aquela imagem envelhecida que eles lhe devolvem e que não corresponde absolutamente ao seu retrato pessoal, àquele que acompanha a sua alma e que ficou congelado em suas retinas?
Cada vez com maior frequência tenho tido desses "sustos", quando surpreendida interagindo com os netos e ainda rivalizando (na foto) com aquela pele de bebê que eles tem. Somos avós, é natural, a questão é que dentro de nós se cristalizou a imagem de uma pessoa que não existe mais.
Nas festas, quando nos produzimos e ainda fazemos poses para as fotografias, quase sempre saímos bem, às vezes até melhores do que "ao vivo".
No dia a dia, entretanto, quando alguém captura nossa imagem sem preparação prévia, muitas vezes o choque é inevitável. Envelhecemos, engordamos, enrugamos e não fazemos mais juz àquela imagem congelada dos áureos tempos, nem à jovialidade do nosso espírito. O Inverno então piora tudo, porque nos encolhemos, a pele quebra, o viço some, a alegria é bem mais contida.
Já se olhou no espelho de manhã, de cara lavada, de pijama, despenteada (o), morrendo de frio? E então? Vai dizer que se achou bem?
Pois eu preciso desprogramar minha mente e reprogramá-la para esta nova fase da vida, onde a alma se agiganta, o espírito se eleva, a sabedoria atinge seu auge... mas o corpo físico sofre o impacto de tantas emoções, tantos bronzeamentos, tantos invernos rigorosos, tantas lágrimas de tristeza, de alegria, de sensibilidade e, por meios naturais, não há como driblar a passagem do tempo.
Estou quase chegando ao ponto de só permitir fotografias numa distância "segura", onde a paisagem seja maior que a pessoa. Ou então, no ponto em que a minha avó costumava rasgar quase todas as fotos em que aparecia. Hoje eu entendo porque, é que ela não se reconhecia ali, pois tinha congelado uma outra imagem dela mesma.
Vou fazer diferente. Vou mostrar a vocês, meus queridos leitores, uma foto dessas em que a aparência não condiz com o espírito, ainda mais contracenando com um anjinho lindo de três anos.
Quem sabe este "choque" sirva para que eu vá me acostumando melhor às mudanças.
Um comentário:
hoje eu sei porque os jovens gostam tanto de ficar se admirando no espelho...
tem um remédio amargo para este dilema: olhar-se demoradamente no espelho. Como os jovens.
aí quem sabe acaba por acostumar com o novo (velho) rosto?
Beijos
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