quinta-feira, 3 de setembro de 2009

NOVELAS INDIANAS PARA BRASILEIRAS

Quem me acompanha há mais tempo, no jornal ou no blog antigo, sabe que não abro mão de assistir à novela das 21h da Rede Globo. Isso há muitos anos. É minha porção feminina e romântica que reclama, ainda que as novelas de hoje sejam bem pouco românticas e quase nada femininas. Acostumei e acabo sempre acompanhando, até mesmo pelo horário, logo após o jantar, quando é cedo para ler e dormir. Gosto muito das novelas de Glória Peres, quase tanto quanto gostava das de Janete Clair. A dose de realismo que ela acrescenta à ficção sempre é útil e ajuda a puxar a orelha dos que se fingem alheios à realidade de tantas pessoas, com os mais variados tipos de problemas e/ou limitações. Claro que, junto a isso, há muita beleza, muita fantasia, muita jóia falsa (neste caso da Índia então!). O problema é que até para se assistir a uma novela é preciso discernimento, uma razoável bagagem cultural e um bom aproveitamento escolar também. Pois há telespectadores que, mesmo com alguns diplomas, nem sequer sabem onde fica a Índia. Por exemplo, vou contar um caso recente de uma mulher que vive menosprezando o marido e a vida que ele lhe pode dar, dizendo-se injustiçada por não poder ir para a Índia e viver só dançando, coberta de jóias. Isso que o coitado trabalha bem mais do que o Raj e ela não faz nada, absolutamente. Usando as personagens da novela como comparação, pode-se dizer que a pobre moça (nem tão moça) tem o caráter da Súria e da Ivone juntas, sem a beleza delas. Sua aparência, seu desleixo é de uma dáliti, além do odor pesado de muitos cigarros e pouca higienização. Seu comportamento só se assemelharia talvez ao da Deise (e seus mantras), volta e meia beirando o ridículo. Em resumo, a infeliz se imagina uma Maya na novela, mas qual! Por isso, até para assistir a uma novela é preciso um estofo de conhecimento, de caráter e de pés no chão, para que não sejam criadas fantasias infantis que nos façam incomodar mais ainda as pessoas à nossa volta. Creio que essa imaginação, hoje em dia, só poderia existir numa menina de sete, oito anos, pois a partir dos dez, doze elas já sabem discernir muito bem a realidade da fantasia. Nem todas, mas as “normais”. Ah, lembrando que minha personagem está bem acima do peso, paro para questionar: - será que na Índia ninguém é gordo? Isso se deve ao “chai”? Ou à ausência dos refrigerantes e fast foods? Ou ainda porque, mesmo na casa das mulheres de casta, quem cozinha para a família é sempre a dona da casa? É, a novela está acabando, Glória Peres, mais uma vez, foi um sucesso! Manoel Carlos já está gravando a próxima. Quem será que esta pobre mulher vai querer ser desta vez?...

2 comentários:

Fernanda disse...

Kkkkkkkk...muito divertido o seu texto, Maria Luíza, mas também repleto de verdades. Porém, creio que é por isso mesmo que as novelas têm, no geral, tanto êxito, é, para muitos, uma fuga à realidade.

O blogue está cada dia melhor, tal como eu previa! Com música agora.

Beijinhos e bom fim de semana!

NPR disse...

O seu texto aborda pontos interessantes. Como essa de pessoas que não têm "nada a ver com nada" fantasiarem que são mocinhas, como na novela... até crianças já sabem diferenciar. Muito bom! Dá que pensar.