Quando
temos menos compromissos a cabeça se dá o direito de pensar em todo tipo de
problema nas horas em que deveríamos descansar. O sono é afugentado à noite e o
despertar pode ser amargo se os pensamentos sombrios insistirem em nos rondar.
Tanta
coisa boa para pensar e o que surge são apenas os obstáculos, as dificuldades,
as tristezas, o tanto para resolver, a insatisfação, as frustrações, as
impossibilidades. Não tem como permanecer na cama assim...
Sabe
aquela vontade de ir para um lugar sossegado, com uma prainha privativa, pode
ser de mar, de rio, de lagoa, desde que não tenha ninguém.
Não
entendo como alguém pode viver sem ler... pois é nos livros que podemos
encontrar as respostas para os questionamentos, as viagens que não fizemos, a
cultura que não conhecemos, o mergulho no passado, a projeção do futuro, o
encontro conosco, tudo!
Se
hoje sou vista quase como extraterrestre diante dos livros que sempre tenho nas
mãos, por que ainda escrevo? Para quem escrevo? Se o celular com suas bobagens
parece sempre mais atraente?!
Como
deve viver alguém que não come jamais o que gosta (porque engorda), que suporta
verdadeiras torturas em busca da beleza, que coloca cabelos, cílios, unhas
postiços, faz cirurgias estéticas, aplica injeções no rosto, tira selfies o dia
todo e não pode ver um espelho sem parar diante dele e se examinar,
namorando-se?! Será mais feliz quem vive assim? Conseguirá deter o tempo?
A
mim coube acompanhar os primeiros passos e as primeiras palavras de todos os
netos. Cabe a mim também acompanhar a vida da minha mãe se extinguindo, como
vela acesa, bruxuleando, ora mais forte, ora fraquinha, um corpo frágil, cada
vez menor, num cérebro lúcido, consciente da passagem dos anos.
Queria
ter olhos grandes, acesos, robustos, com retinas perfeitas. Ao contrário, tenho
olhos cada vez mais fechados, com retinas rasgadas e uma parafernália de óculos
e colírios para poder continuar lendo e escrevendo.
Sou
filha de aviador e nunca gostei de voar. Todos os voos que fiz foi por necessidade,
por pressa, ou pela distância. Agora, para abraçar meu filho preciso ficar
trinta horas nos ares, dentro de aviões. E ainda preparar um calhamaço de
documentos a fim de conseguir visto para entrar no país onde ele escolheu
morar. Os filhos deveriam estar sempre perto do abraço das mães, eu acho.
Minha
avó dizia que devíamos ter uma segunda-feira prazerosa porque dela dependia
toda a semana. A segunda mal começou, ainda não me interfonaram, oxalá não
surjam problemas grandes que possam se estender pela semana.
Texto
desabafo... necessário para quem conversa tão pouco.
Que
o dia comece!
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