Floripa,
Desterro, Açores, Babel...
Estes versos pertencem a um
poema que escrevi para Florianópolis há muitos anos, quando ainda arriscava
fazer versos.
Estão
bem atuais, pois nossa ilhazinha parece hoje quase uma Babel de tantos
sotaques, tantas raças, tantos costumes de todas as regiões do país
e até do exterior.
Hoje,
dia 23 de março, Florianópolis completa 345 anos; passei com ela os últimos quarenta
e dois e tenho muito a agradecer.
Aqui
criei meus filhos, suas ruas e praças foram testemunhas da transformação deles,
de crianças a jovens e adultos.
Educandário
Imaculada Conceição, Colégio Catarinense, Escola Técnica Federal, Curso
Geração, Curso Decisão e, por fim, a Universidade Federal de Santa Catarina
fizeram daqueles três menininhos gaúchos um médico e dois engenheiros bem
preparados.
Em
suas ruas estreitas, de trajeto complicado, eles aprenderam a dirigir.
Em
suas praias de ondas eles aprenderam a surfar e em seus tantos restaurantes
foram iniciados na gastronomia "mané", repleta de frutos do mar, que
hoje constituem o topo das suas preferências.
Aqui
dois filhos casaram e desses casamentos nasceram meus quatro netos. Só
esse fato já serviria para consolidar uma união duradoura e significativa entre
esta família alegretense e a Ilha da Magia.
Foi
em Floripa que me pós-graduei e lecionei por mais de trinta anos, em dois Colégios e
duas Universidades.
Aprendemos
a acrescentar o mar ao nosso dia a dia e sempre sentimos falta dele quando
viajamos.
Hoje
já não estranhamos o sotaque, nem os hábitos, tampouco a culinária
florianopolitana. Estamos incorporados a ela e até nos ofendemos quando ouvimos
alguém menosprezar esse povo que nos acolheu.
Sou
alegretense e gaúcha (nessa ordem) e serei sempre. Meus filhos nasceram em
Alegrete, vieram para cá pequenos e se consideram "manés" por adoção,
são filhos "de coração" de Floripa.
Não tem forma melhor e mais bonita de encerrar esta crônica do que citando os
versos imortais de Zininho:
"Um
pedacinho de terra perdido no mar,
num
pedacinho de terra belezas sem par.
Jamais
a natureza reuniu tanta beleza
jamais
algum poeta teve tanto pra cantar.
Ilha
da moça faceira, da velha rendeira tradicional,
Ilha
da velha figueira onde em tardes fagueiras
vou
ler meu jornal.
Tua
lagoa formosa, ternura de rosa, poema ao luar,
cristal
onde a lua vaidosa, sestrosa, dengosa
vem
se espelhar."
Parabéns Floripa!
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