O que significa ser Mulher?
A princípio é ter sido muito desejada
pela mãe e nem tanto pelo pai.
É viver cheia de enfeites, laços,
bordados e cor-de-rosa desde o nascimento.
É crescer ouvindo a lista interminável
das proibições e do “não fica bem para uma menina”.
É descobrir bem cedo que, com
jeitinho, é bem mais fácil conseguir as coisas e que aquele menino brutamontes
vai apanhar mais da vida, dos pais e dos colegas do que ela.
É aprender, com lágrimas nos olhos,
que o fim justifica os meios quando se trata de vaidade e isso significa
suportar os puxões de cabelo, os sapatos apertados, as roupas desconfortáveis,
os brincos, etc.
Ser mulher é saber que tem um coração
enorme, que se enche demais de sentimentos, sejam eles quais forem, e precisar
descobrir como lidar com isso da melhor forma.
É desistir de compreender os homens,
ou acompanhá-los em sua maneira de encarar a vida e os problemas. Aceitar que
só será amada por eles quando não os contrariar, ou fingir o bastante para
apreciar seus programas e papos favoritos.
Ser mulher, também, é exigir demais
dos homens, querendo que sejam fortes e
sensíveis; másculos e jeitosos; decididos e compreensivos, em difíceis
dicotomias.
É suportar a menstruação e suas
limitações desde os doze anos, sem desistir dos programas por causa dela,
apesar do desconforto. Depois se ver cercada de intolerância na TPM e ainda se
enternecer com a gravidez, sabendo que terá de passar pelas dores do parto.
Tudo isso sem “aborrecer” os homens, ou diminuir seu romantismo, ou entusiasmo.
É se depilar com cera quente, puxar os
cabelos com escova ou chapinha, cortar as cutículas, furar as orelhas, tirar as
sobrancelhas, usar cintas, soutiens apertados e ainda vestidos decotados em
pleno inverno, com pés gelados sob as meias finas; sabendo que , se não fizer
tudo isso, será tachada de “pouco feminina”.
Ser mulher é aprender a dominar
impulsos e sentimentos; a sublimar o desejo e refrear o homem (mesmo sendo mais
jovem do que ele), porque a possível gravidez seria “dela” e o filho, para
sempre, “sua” responsabilidade. Além disso, se conseguir ser uma mãe exemplar,
nada garante que o pai da criança um dia não a abandone, sob a alegação de que
ela “só serve para ser mãe”. E saia pelo mundo a fazer filhos em outras
mulheres.
Ser mulher, nesta lista redutora e
incompleta, caso contrário teria que escrever um tratado, é também se indignar
com o fato de precisar existir um Dia
Internacional da Mulher, atestando sua fragilidade e dependência.
E, ainda assim, se emocionar neste dia
ao receber flores!
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