Numa escola tradicional aqui de Floripa,
onde minha netinha estuda, após as aulas são oferecidas várias modalidades de
esportes, em aulas extracurriculares. Muitos pais, que não têm como buscar os
filhos na escola às 17:30h, matriculam-nos nessas aulas, onde eles ficarão
vigiados até a hora de ir para casa, além de desenvolverem outras habilidades.
Ontem, esperando a aula de balé da Bruninha, fiquei observando as crianças
livres, de lá para cá, dirigindo-se às turmas, ou aguardando seu horário. E as
surpresas começaram.
Um grupo de meninas de seus dez, onze anos, sentadas em volta de uma mesa da
cantina, jogando TRUCO! Eu nunca aprendi a jogar truco, tive bem pouco contato
com baralhos, limitando-me à canastra e ao pif-paf. Aproximei-me delas e
perguntei se esperavam por seus pais. A resposta: - não, tia, a gente está
esperando o horário da nossa aula de futebol. Fiquei pasma. Senti-me jurássica.
Truco e futebol, que coisa!
Devo esclarecer que as meninas eram lindas, de longos cabelos, bem femininas e
estudam em um colégio de freiras. Como andarão as coisas nas periferias?!
O papel do homem e da mulher na sociedade e na família, se é que existe um,
anda meio embaralhado.
Na turma da minha neta, por exemplo, havia duas avós, uma mãe e todos os outros
eram pais acompanhando as meninas, vestindo o uniforme, prendendo o cabelo,
etc. Segundo comentaram, as mães saíam mais tarde do trabalho que eles, ou eles
eram seus próprios chefes e podiam encerrar o expediente na hora que
precisassem.
Já disse que meus filhos sempre deram banho, trocaram fraldas, deram mamadeira
e comida, fizeram tudo em parceria com a mãe de seus filhos. E, com isso, as
crianças são muito mais próximas e apegadas aos pais. É claro que a
imagem mudará. Meu pai sempre foi meu ídolo, meu herói, meu exemplo, no
entanto, ele mantinha uma distância conservadora da filha mulher e não me
lembro de ter me dado algum banho. Os pais de hoje serão menos idolatrados,
imagino, porém com um elo mais visceral com seus filhos.
As mulherzinhas de amanhã serão muito diferentes das de ontem e até das
de hoje. Elas sabem o que querem e nós sabíamos, no máximo, o que não
queríamos.
Os pais de filhos homens é que devem se preocupar mais em orientar e preparar
seus meninos para essas novas mulheres, bem mais exigentes, bem mais
voluntariosas e nada compreensivas.
Admiro muitas coisas nessas meninas e mocinhas de hoje, outras nem tanto. Não
consigo gostar de vê-las sentando com os pés sobre o assento da cadeira, ou
falando palavrões, ou gritando pelas ruas. Acho que não vou me acostumar a esse
comportamento.
Por isso, a mulherzinha aqui de casa vai continuar fazendo
piruetas, pliê e giros de sapatilha, adquirindo uma boa postura, gestos
delicados, musicalidade e disciplina, porque já tem a voz e o chute forte e não
dá pra facilitar!
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