Para quem tem dezenove livros publicados e mais de 1300 textos
no blog, não seria difícil republicar alguns dos tantos textos natalinos
escritos em várias décadas. Mas não seriam atuais, porque este ano é atípico e
nem o natal escapou do resultado funesto da globalização.
Um texto natalino passa, obrigatoriamente, por uma retrospectiva
do que nos deixou assim, tão completamente desmotivados, tentando como
náufragos nos apegarmos a algo bom, a algo que nos dê esperança.
Nosso país vive uma crise sem precedentes. Política,
econômica, ética e institucional. O mundo sofre por ideais equivocados de
religião, de poder, de indiferença pela vida. O Oriente invade o Ocidente, na
tentativa de destruir tudo aquilo que os incomoda e do qual eles nunca tomaram
conhecimento antes da globalização.
As famílias andam desestruturadas, principalmente dos mais
jovens, criados num egocentrismo absoluto, duas individualidades que jamais
conseguirão formar um casal. Sofrem os filhos, obrigados a assistir cenas de
desrespeito e violência quase diárias, onde um descarrega suas frustrações no
outro diante dos filhos, causando marcas profundas de difícil cicatrização. E
quando a família se desestrutura, a sociedade se desmantela também. Ninguém
consegue ser um bom indivíduo se for um péssimo familiar. Quem não respeita os
pais, a mulher, o marido, não irá respeitar os professores e chefes no
trabalho.
A moda é não ter Fé, descrer de tudo, questionar tudo aquilo
que nos colocava de joelhos e mãos postas em busca de proteção e consolo. Na
falta de um guia maior, elegem santos de barro como líderes, num hedonismo
perigoso que fatalmente os levará a um vazio profundo, tão logo o tempo passe e
seus poderes enfraqueçam.
Para os cristãos, o Natal significa o nascimento de Jesus
Cristo e o começo de suas incontáveis mensagens de amor e justiça.
Para os descrentes, Papai Noel fará o esforço de trazer os
presentes desejados.
O peru anda mais folgado depois da criação de outras aves
gordas e de mais fácil cozimento.
Num ano de tantas perdas, de tanto sofrimento por doenças
complicadas, as pessoas se esforçaram ao máximo para montar a árvore de Natal e
não deixar passar em branco esta que já foi a grande data da família!
Um abraço demorado, verdadeiro, em cada um que estiver
próximo nesta noite vai valer mais do que comidas e presentes. Deveria valer
mais para quem sabe dar valor ao essencial.
Uma boa ação neste final de ano daria muito mais sentido às
comemorações. Porque nosso coração é mais importante que o estômago na
construção da nossa humanidade. E não será nos afogando em espumante que nos
sentiremos mais plenos e mais felizes.
Um olhar demorado aos seus velhos, um carinho verdadeiro em
suas crianças e muito respeito e civilidade entre os casais. O amor é florzinha
de estufa, que morre fácil diante de palavras cruéis. Como flechas disparadas,
as palavras ditas não retornam à boca, mas calam para sempre nos ouvidos e no
coração de quem as recebe, causando danos irreversíveis.
Bem aventurados os de coração doce, os bem educados, os
compreensivos, os controlados, os que têm sensibilidade, os que buscam a
cultura, os que não agridem nem ofendem, os que sabem dar valor aos momentos
bons, à paz, à tolerância, à aceitação do outro e a uma vida harmoniosa com a
família, com os vizinhos, com os amigos, com os colegas de trabalho. Estes
sentirão o verdadeiro espírito do Natal!
Mesmo em tempos tão difíceis, orgulhosa da qualidade dos
amigos que tenho, feliz com o caráter e a sensibilidade dos filhos que criei,
com a esperança nos netos e o cuidado amoroso com a minha mãe, reúno forças e
esperança para desejar a todos, do fundo do coração, um possível
FELIZ NATAL!
Um comentário:
Bom dia natalinao, querida Maria Luíza!
Sejam vc e seu amados felizes e abençoados!
Bjm fraterno e natalino
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