Que o povo gaúcho é o mais bairrista do país todo mundo já
sabe. O gaúcho se considera bem mais gaúcho do que brasileiro.
Na literatura, o regionalismo tem seu destaque, embora um
destaque mais regional, preferido por aquela região de que fala o texto e até
com alguns entraves linguísticos para o povo de outros lugares.
Lembro que precisava traduzir, o tempo todo, os contos de Simões
Lopes Neto para os meus alunos do curso de Letras, ainda que vivessem num
estado bem vizinho ao do autor.
Na literatura infantil essas peculiaridades ficam
exacerbadas, pois as crianças têm mais dificuldade de entender aquilo que nunca
vivenciaram.
Na feira do Livro de Porto Alegre, filas enormes se formavam
diante de um casal jovem que escrevera uma coletânea para crianças, adaptando
os contos de fadas ao linguajar e costumes gaúchos. Além da ampla divulgação
dos livros em todos os canais de comunicação, escolas, etc., o fato dos
personagens usarem bombachas, morarem em estâncias, comerem churrasco, tomarem chimarrão
e todos esses hábitos gauchescos, fizeram com que os pais e professores se
identificassem e aproveitassem para incutir nos pequenos mais tradicionalismo ,
mais amor aos costumes da sua região.
A única ressalva é que os jovens escritores não criaram
nada, apenas adaptaram histórias consagradas a uma nova roupagem. A partir
desses livrinhos, já famosos entre os pequenos, as princesas se vestirão de
prendas, os príncipes de gaúcho e as “pilchas” substituirão as coroas, carruagens
e tudo aquilo que povoa o imaginário dos pequeninos a partir dos contos de
fadas.
Se é bom ou ruim, cada um sabe de si; se vai durar o encanto
depende dos pequenos leitores; agora, que o casalzinho faturou muito, disso não
tenho a menor dúvida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário