Assim como quem acha que tudo sabe, na verdade sabe muito
pouco; quem se considera um excelente avaliador, às vezes não passa de um juiz
pouco preparado.
Só pode julgar quem tem conhecimento, quem sabe bem mais e
bem melhor do que aquele que está em julgamento, por isso, muitos professores
se limitam a provinhas de V ou F, de certo ou errado e de assinale a resposta
certa. E é melhor que seja assim, caso eles tenham pouco discernimento, ou pouca bagagem para julgar
respostas mais complexas, envolvendo raciocínio e opiniões pessoais, por
exemplo.
Numa questão discursiva, errado é apenas o que está errado,
o que foi respondido de forma equivocada e não o incompleto, ou o que sugere
uma outra visão do assunto, que faça sentido. Havendo coerência na resposta,
jamais a questão deve ser anulada, como se errada estivesse.
Tenho visto, nas provas dos meus netos, algumas questões que
me fazem balançar a cabeça e ter pena deles. Principalmente quando o aluno é
esperto, criativo e sabe se expressar. Querem ver: uma criança que raciocina
perfeitamente sobre um problema proposto, que acerta na operação, arma a conta
perfeitamente e, ao copiar a resposta, troca um algarismo do resultado por
desatenção, não pode ter toda questão anulada! Estamos, então, privilegiando
pequenos detalhes ao invés do entendimento completo da questão proposta.
Outras questões mandam o aluno completar as frases com uma
das palavras sugeridas. Se o aluno optou por usar outras, de idêntico
significado, pode ser alertado, descontado, mas nunca julgada errada a questão
toda, pois não aconteceu o erro, a frase ficou igualmente correta. Essa noção
de erro, de errado é que precisa ficar bem clara para os professores. Não pode
ser julgado errado algo que não está. Para isso, pode-se descontar pontos,
fazer observações, conversar, mas não fazer um X enorme e dizer que está
errado, unicamente porque não foi usada essa ou aquela palavra.
Por essas razões é que os vestibulares viraram um jogo dos
sete erros e que só quem faz cursinho aprende os macetes suficientes para ser
aprovado, ainda que seja um aprendizado muito superficial, com conteúdos
esquecidos tão logo acabe a prova, sem bases, nem sustentação.
Cuidado avaliadores! Pela sua correção vocês acabam
igualmente avaliados.
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