domingo, 10 de maio de 2015

PORQUE ESTE DIA TAMBÉM É MEU!




                         Dia das Mães!
                        Já cantei em verso e prosa todas as mães do mundo, a minha avó-mãe, a minha mãe mesmo, as mães dos meus netos e até os meus filhos “pães”, tão dedicados à prole.
                        Falei das mães guerreiras, das mães sofridas, das mães amorosas e também das nem tanto, tentei cercar a data e a figura materna de todas as nuances possíveis e hoje, quando parece que tudo já foi dito, resolvi me incluir no pacote e valorizar a mãe que eu fui e sou.
                         Fui mãe aos dezenove anos, quando cursava o segundo ano da faculdade de Letras e já lecionava. Na época, tínhamos apenas um carro, que meu então marido usava para ir de madrugada para o quartel. Eu, até o final da gravidez, caminhava três quarteirões de subida para pegar o ônibus que me levaria para a escola onde eu trabalhava. Fazia faculdade à noite e só ia jantar às 23h. Tinha muitos enjoos, depois câimbras e azia, fora isso, tive gravidezes tranquilas, esta e as duas que se seguiram. Infelizmente, depois de trinta horas e quinze minutos de trabalho de parto, meu primeiro filho nasceu... de cesariana!
                          Mesmo tão nova, li tudo que encontrei para me preparar bem e decorei o Dr. De Lamare inteiro para cuidar bem do meu filho. Sempre dei sozinha desde os primeiros banhos neles e tinha certeza de que ninguém saberia cuidar melhor dos meus bebês do que eu.
                          Naquele tempo, não havia fraldas descartáveis, tampouco esterilizadores, lenços umedecidos, forno de micro-ondas, aquecedores de mamadeira, babás eletrônicas, nada disso. As fraldas eram de pano, lavadas e passadas à mão; as mamadeiras e chupetas fervidas diariamente num panelão de água e o leite fervido inúmeras vezes e guardado separado. A comidinha feita à parte, sem temperos, com muitos legumes e verduras bem frescos, respeitando rigidamente os horários das refeições e os bebês só saíam de casa após dois meses mais ou menos, bem protegidos, com as primeiras vacinas em dia e em ambientes com poucas pessoas. Graças a esses cuidados, meus filhos iam ao pediatra apenas para pesar, medir e receber elogios.
                         Com vinte e dois anos já tinha dois meninos e com vinte e sete, três. Nasci para ser mãe, eu acho, porque jamais me arrependi de tê-los trazido ao mundo e nunca deixei de mimá-los, abraçá-los, beijá-los e, sobretudo, conversar muito com eles. Sempre tive normas, regras, horário para tudo e eles, que já foram acostumados desde cedo à rotina, não se queixavam dela. Comida sempre na mesa, tarefa da escola sempre com a TV desligada, banho e pijama quando chegavam da escola, nada de refrigerantes  ou doces fora de hora.
                        Quando meus filhos cresceram, já estávamos só nós quatro em casa. Eu, finalmente, conseguia começar a fazer meus cursos de Pós-graduação e eles se preparavam para o Vestibular e para outras seleções em novas escolas. Estudávamos os quatro na mesma mesa, com pilhas de livros à frente e um dando força ao outro para não desanimar.
                        A tônica da nossa família foi o diálogo e meu maior desejo sempre foi o de que eles permanecessem unidos e amigos de verdade pela vida afora, o que, graças a Deus, consegui.
                        Não foi fácil. As madrugadas, o cansaço, as dúvidas, as incertezas, as lágrimas, o dinheiro curto, as perdas, só não foram piores porque estávamos juntos.
                       Hoje, uma novíssima geração se aninha no meu colo e eu tento repassar um pouco do que a vida me ensinou aos responsáveis por eles.
                       Se os avós se esforçam para entender e acompanhar os avanços tecnológicos, os filhos e netos devem também preservar o que é bom e duradouro das gerações passadas, as fórmulas que deram certo e os valores eternos.
                       Tenho muito orgulho de mim mesma pelo trabalho que desempenhei com meus filhos. Sem sombra de dúvida, eles foram as minhas obras-primas, o que fiz de melhor nesta vida, meus maiores acertos.
                       Por isso, neste Dia das Mães, além de homenagear minha mãe querida e todas as mães do mundo, tiro meu chapéu para mim mesma e para toda a minha batalha, sem esmorecer, sem desistir, até lapidar com amor cada um dos meus meninos.
                       Quero fazer uma homenagem especial também para as madrastas, tão comuns nos (des)casamentos de hoje, as “boadrastas”, que conseguem amar os filhos do seu companheiro como se fossem seus, que os amam por extensão ao amor que sentem pelo marido e que os acolhem como filhos, como verdadeiros integrantes da família, principalmente se ainda forem crianças. Toda a minha admiração a essas mulheres generosas, magnânimas, capazes de um amor pleno e verdadeiro!
                        A todas essas bravas mulheres, que realmente merecem todas as homenagens, quero desejar um Feliz Dia das Mães!





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