Um cronista do DC (Victor da Rosa) lembra que Machado
de Assis, através de seu famoso personagem Brás Cubas confessava não se admirar
se seu livro fosse lido por cem leitores, talvez cinquenta, vinte ou mesmo dez.
Quem sabe cinco? E que Aluízio de Azevedo, outro grande escritor, desabafava:
"Escreves pra quê? Pra quem? Não temos público. Anchieta ao menos tinha um
leitor - o mar. E eu?”
Será
que mudou muito?
Quem
lê?
O
que lê?
Por
que lê?
Será que os anos de analfabetismo
dos brasileiros no período colonial deixaram sequelas eternas?
Por que o brasileiro, com honrosas e
admiráveis exceções, não consegue descobrir o prazer da leitura?
O que faz os europeus privilegiarem
a leitura em todos os momentos possíveis - e até nos complicados, como em pé nos
ônibus e metrôs, segurando-se com uma mão e mantendo o livro aberto com a
outra? Eles leem á beira dos rios, nos piqueniques, nos parques, nas praias,
enfim, parece que não conseguem viver sem ler, ao passo que aqui... leitura é
castigo, enfadonha, chata, sempre acompanhada de bocejos. Na Europa há uma
livraria em cada quarteirão e raras farmácias (lá não há automedicação); aqui é
o contrário, uma farmácia em cada esquina e pouquíssimas, raras livrarias e
pouco frequentadas.
Por que será?!
Será que o povo analfabeto fica mais
doente?
Tenho uma teoria: penso que a
criança gosta de ler, o jovem desaprende a leitura na escola, através daquelas
abomináveis fichas de leitura e o adulto... prefere passear no shopping.
No fim do dia, se as pessoas
contabilizassem quantas horas passaram diante de um aparelho de TV assistindo
porcarias, ou navegando à deriva na internet... acho que entrariam numa
livraria com mais cuidado!
Bom, se os “grandes” da literatura
já se queixavam da falta de leitores, a gente até se conforma, mas continuo
achando uma pena esse nosso povo deixar de viajar, rir, chorar, se emocionar
com um bom livro nas mãos.
Não tem lazer melhor!
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