“Tem dias que a gente se sente como quem
partiu ou morreu, a gente estancou de repente, ou foi o mundo então que
cresceu. A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega
a roda viva e carrega o destino pra lá”
Não
são só os adolescentes que padecem de melancolia. Nós, adultos treinando para
velhos, também temos nossos dias de baixo astral, com ou sem motivo aparente.
Assim, de mansinho, vem chegando um desânimo, um deixa pra lá, um não quero
conversar, um me deixem quieta. E o peito suspira fundo, os olhos entristecem,
a boca se cala, as mãos se aquietam.
Muitas
vezes a razão da melancolia é de difícil detecção, é mais um somatório de
pequenas tristezas e decepções do que um grande motivo. Como se ficássemos
cansados de torcer, de aplaudir, de entender, de desculpar, de esperar.
Quando
tal estado de espírito se apossa de mim só duas coisas conseguem aliviá-lo:
escrever ou tocar piano. Ouvir música orquestrada também ajuda, ler alguma
coisa bem interessante contribui, no entanto conversar sem vontade, falar ao
telefone, ser sacudida por quem pensa que é assim que se cura uma melancolia,
isso tudo só piora as coisas e o risco iminente é de que a tristeza se
transforme em raiva.
Rezar
é um bom remédio, porque rezando nos entendemos como portadores de uma alma,
com direito a senti-la doente ou triste.
Nem
sempre podemos fazer o que temos vontade, naquele momento. Mesmo para quem já
não tem compromissos de trabalho, não faltam correntes outras a nos imobilizar.
O que eu queria mesmo fazer, agora não me é possível.
Queria
sentar numa pedra lá no costão da praia, ouvindo o mar e acompanhando as ondas
quebrando na pedra ou espraiando-se na areia. Quieta, se possível com a cabeça
vazia de pensamentos, apenas um elemento do universo.
Quem
sabe assim essa melancolia fosse embora e eu voltasse a me sentir viva e com
vontade de viver.
Oxalá!
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