“A receita da felicidade talvez seja a da macarronada com galinha
ensopada e maionese da minha mãe. Acho a tradução mais próxima disso.”
RODRIGO HILBERT
Além de ator e modelo, Rodrigo é cozinheiro, talvez por isso
alie a tal felicidade ao cardápio da sua mãe, da sua casa, do lugar onde viveu
momentos felizes.
Mantenho um hábito, hoje quase extinto, de reunir a família
nos almoços dominicais. Dá trabalho, porque as pessoas não colaboram muito e
poucos consideram a cozinha um lugar aprazível. Eu me sinto muito bem entre
temperos, cheiro de alho e cebola fritando, pratos elaborados e enfeitados, o
cálice de vinho tinto temperando a cozinheira, enfim, gosto de cozinhar. Por
isso cozinho bem, sem falsa modéstia. O gosto é fundamental!
Minha família sempre deu importância a esses almoços de
domingo, depois da Missa e antes do matiné, ainda que fossem preparados pela
cozinheira, sob a orientação da minha avó. Nunca comi nada preparado pela minha
mãe, pois ela não harmonizava muito com as panelas.
O almoço de domingo requer uma boa dose de afeto, de vontade
de se encontrar, de se rever, de amenizar saudades. A finalidade maior é a
confraternização, estreitar os laços de parentesco, compensar a correria do
dia-a-dia, ficar a par da vida e dos planos dos parentes mais próximos. É o
momento de se falar amenidades, de exercitar a tolerância, de multiplicar
carinhos, elogios, palavras doces, recheadas de paciência e compreensão. Esses
são os ingredientes essenciais para um almoço dominical.
É importante que se tenha em mente que almoço em família é
diferente de almoço em restaurante. Ligar para saber o cardápio e, dependendo
da resposta confirmar presença, é inadmissível! Se o objetivo é comer tal
coisa, o melhor é procurar um restaurante especializado, pagar caro pelo prato
e sair assim que termina, com apenas o estômago satisfeito.
Entre minhas receitas culinárias não encontrei uma ”receita
de almoços em família”, no entanto, penso que conheço os ingredientes
fundamentais que, misturados com bastante amor, devem dar um bom resultado.
Nada de competitividade entre irmãos, cunhados, sobrinhos –
isso só serve para o mercado de trabalho. Em família, todos devem ser iguais, com
o mesmo peso em todos os requisitos.
As crianças devem ser estimuladas a se entenderem, sem
rivalidades ou comparações. Num mundo de filhos únicos, ter primos é muito
importante!
Os assuntos devem ser leves, a pimenta só realça o sabor da
comida, nunca da conversa!
Roupa suja a gente lava em casa, na máquina de preferência e
ficar remoendo mágoas antigas não trará beneficio a ninguém.
Os idosos devem ser ouvidos, respeitados, paparicados, uma
vez que são o baluarte das famílias e sempre têm coisas a ensinar, além de se
constituírem num testemunho vivo de tempos idos.
Saborear a comida, comentar, elogiar, contar fatos
agradáveis, conquistas, planos, tudo isso funciona como excelente digestivo e
prepara o espírito para enfrentar a semana seguinte com a certeza de que não
está sozinho no mundo e sempre terá uma família para apoiá-lo e defendê-lo
sempre que necessário.
Um bom almoço de domingo a todos!
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