Vamos polemizar um pouco, para não perder o costume.
Você tem empregada doméstica?
Já teve?
Pensa em ter?
Pois bem, se tem, coloque as barbas de molho.
Se já teve pode bem perceber a diferença.
E, se pensa em ter, prepare-se! Vem chumbo grosso por
aí!
As poucas que permanecerão no cargo terão vida mansa
e direitos garantidos: podem trabalhar meio ano e ficar no seguro desemprego os
meses restantes. Ou alguém duvida que acontecerá isso? Aqui é Brasil minha
gente!
Além disso, se optarem por morar na casa dos patrões,
onde o chuveiro é quentinho, a TV tem muitos canais, a geladeira não tem
cadeado e o colchão é muito melhor que o do seu barraco... não terão um centavo
de desconto no salário, nem por conta de usar os sabonetes da patroa, o papel
higiênico macio e o lanchinho a qualquer hora. O salário sai limpinho, enquanto
outros trabalhadores precisam comer uma marmita trazida de casa, ruim e fria e
descansar um pouco debaixo de marquises, no chão duro mesmo.
Será que a dona Benedita, autora ou motivadora do
projeto, sabe que quem mais emprega é a classe média, que não terá condições de
bancar esses ganhos trabalhistas, até por conta de ser pessoa física?
Só os muito ricos continuarão empregando e aí já viu,
né? Uniforme, sim senhor e sim senhora, competência, discrição, ensino médio,
frieza e muita exigência.
A vida mansa das domésticas da classe média, que
fazem tudo mais ou menos, dão pitaco na conversa dos patrões, comem o que
querem, quando querem e assistem TV com a família, bem aboletadas no sofá da
sala, essa vai acabar. Por que os patrões ficarão sempre desconfiados que
aquela colaboradora, folgada! , vai lhes dar uma punhalada, querendo os “seus
direitos” (o que elas mais têm).
Olha, como diz aquele jingle da TV “o futuro já
começou”. Repararam como diminuíram as empregadas domésticas nos prédios? No
meu, só a minha mãe possui, ninguém mais. Antigamente, elas se reuniam na
frente dos prédios para conversar, tinham rodas de amigas e hoje viraram
raridade, ilhas isoladas. Por que será?
Quando aprovarem essa lei que transforma lares em
empresas e colaboradoras em profissionais do mercado, as muito preparadas terão
mais direitos e farão cada vez mais cursos para disputar a estreita fatia do
mercado e aquelas que fazem tudo mais ou menos e hoje tem carteira assinada e
vários direitos trabalhistas, irão para a rua, lutar por um subemprego, na
informalidade, sem direito algum, para poder comer.
Maravilha de lei para os dois lados!
Tinha que ser do nosso Congresso Nacional!
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