Março
de 2020.
O
Brasil parou.
O
mundo parou.
Ruas
desertas gritam em silêncio.
O
ar se tornou mais puro, livre dos gases tóxicos das fábricas, dos ônibus e dos
automóveis.
Os
pontos turísticos europeus são como espectros silenciosos e vazios. Até a
Monalisa relaxou o olhar, piscou e mostrou os dentes. As gôndolas tiraram um
cochilo preguiçoso e a Torre Eiffel bocejou entediada.
No
Brasil o povo teve que ser corrido das praias pela polícia, porque não é
acostumado a acatar ordens, quanto mais recomendações.
Acostumados
a um entre e sai constante, de repente as famílias foram obrigadas a se encontrar
e a conviver. Sair de casa virou infração gravíssima, passível de punição e
olhares acusadores.
Produtos
estranhos são caçados como tesouros nas prateleiras dos supermercados. Quilômetros
de papel higiênico e uma quantidade imensurável de garrafas de álcool gel. Curioso
é que o sabão de pedra, poderoso contra os germes, nem foi tão cobiçado.
Eis
que chegou o Outono, oferecendo seu vento mais fresco, suas manhãs claras e o
povo nem viu. Presos em casa, de olho nas notícias catastróficas da TV, ou
mergulhadas em intermináveis séries, as pessoas criaram um mundo à parte, sem
tempo para saborear a melhor das estações do ano.
Domingo
de Ramos, Semana Santa, Páscoa... num país tão cristão essas comemorações passarão
em branco, uma vez que até as missas e cultos estão sendo transmitidos pela
televisão.
Como
estarão as crianças nesses dias e noites silenciosos, sem escola? Pelo menos
estão vendo mais os pais, convivendo mais com eles, esperamos que não estejam apenas
conectados às redes sociais. Mais brincadeiras, mais carinhos, talvez mais palmadas
e castigos. Vai saber! Pelo menos devem sair mais doces, mais gostosuras e
muito mais risadas!
Aniversários,
casamentos, festas, shows, viagens, passeios, tudo cancelado! Por tempo
indeterminado. Azar de quem comprou passagens e terá sempre prejuízo. Agências
de viagens, companhias aéreas, hotéis e todo tipo de passeio turístico estarão
decretando falência se isso perdurar.
O
país vai falir. Com o comércio e a indústria parados, com todo mundo preso em
casa, não tem como a economia continuar girando. Sem arrecadação ninguém consegue
pagar ninguém.
O
que foi que aconteceu?
Como
se originou essa pandemia? Sim, epidemias no mundo todo formam uma pandemia.
Um
vírus surgido num país comunista é ainda mais devastador, porque as informações
são sonegadas, escondidas até o ponto em que já não é mais possível encobri-las.
E aí já é tarde demais!
Um
mercado de animais vivos, na China, oferecidos para consumo, entre eles cobras
e morcegos parece ter originado essa terrível pandemia. Quase um genocídio se
contabilizarmos o número de vítimas, isso que ainda está bem no começo e que o
inverno nem chegou por aqui.
Um
vírus do tipo corona originou essa terrível COVID-19, que optou por exterminar
os idosos da face da terra e agora ainda sofre mutação e começa a atingir
jovens e até crianças.
Além
de ameaçados, os avós sofrem pelo distanciamento dos netos – aquelas pílulas de
vida e energia que fazem com que a terceira idade se torne um pouco mais suportável.
Confinados, precisam abdicar da presença dos mais jovens da família, como se
seus queridos pudessem lhes trazer a doença e a morte. Uma crueldade absoluta!
Ninguém
trabalha, todos são potencialmente transmissores e a legião de desempregados e
devedores sobe a níveis estratosféricos. A economia fica estagnada e as bolsas
de valores quebram no mundo todo.
Nada
de visitas, nem beijos, nem abraços, o ser humano tem receio de qualquer outro
a menos de dois metros de distância.
As
mãos ficam ásperas de tanto sabão e desinfetante, o corpo dolorido pela falta de
exercícios e avantajado por esse eterno comer e dormir.
A
programação da TV só fala nesse assunto de coronavírus, doença e morte,
contabilizando mortos e infectados em todos os países, noite e dia, diariamente.
E o mundo chora com a Itália, suas belezas, sua história, seu povo alegre e acolhedor
sendo dizimado por essa doença.
Difícil
se concentrar no que quer que seja quando imaginamos uma espada afiada sobre a
nossa cabeça e das pessoas que amamos.
Os
profissionais da saúde se arriscam noite e dia comprometendo, inclusive, a
saúde dos seus filhos e das pessoas que convivem com eles, além deles próprios.
Já são muitos médicos e enfermeiros infectados e muitos morreram.
Não
há vacina, nem remédio para esse vírus até agora. Só depois que muitos mais
morrerem. Morte sofrida, cruel, por falta de ar e solidão nos isolamentos das
UTIs.
Será
esse um novo Dilúvio? Cadê a Arca de Noé? Quem será o Noé da atualidade? A quem
ele salvará?
O
Outono chegou... com sol, vento e silêncio. Um silêncio ensurdecedor.
Nem
o consolo dos templos se pode ter... os santos dormem nos altares com as portas
fechadas.
Até
o mar está proibido.
Cada
pessoa é uma ameaça.
Nunca
pensamos em vivenciar mais isso, além de tudo o que já fomos obrigados a
engolir.
Quem
sobreviverá?
Quantos
chorarão?
A
vida... a leveza, o sorriso, o aconchego, o cansaço bom, o futuro, os planos,
os sonhos... tudo adiado, na melhor das hipóteses.
Até
os pássaros estão calados.
Deus,
cuida do teu povo! Protege as criancinhas e seus pais. Não deixa os avós
sofrerem.
Já
foi suficiente para repensarmos, redimensionarmos, separarmos o joio do trigo.
Agora, já podemos voltar a viver.
De
outra maneira.
2 comentários:
1º Cavaleiro do Apocalípse de São João Evengelista: A PESTE.
Amiga escritora , seu texto de uma verdade difícil de aceitar, mas real, avassaladora, batendo em todas as portas, dormindo e acordando conosco, quem dera fosse um pesadelo, mas acordo todo dia com a certeza que tudo está a nossa espreita. Continuo lendo seus textos e me surpreendendo sempre. Obrigada pela boa leitura , que Deus a ilumine !
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