Mais
um dia começa. Às vezes com sol, noutros com chuva, hoje com vento. A natureza
não quer saber de suas expectativas ou programações. O vento resolveu soprar
com força hoje, batendo portas, despenteando os cabelos, arrancando as folhas
das árvores e experimentando seu assobio agudo ao serpentear por todos os
caminhos onde não é bloqueado.
Com
minha caneca de água gelada (agora acrescida de suco de limão) ligo o
computador para encontrar os amigos nas redes sociais. É a minha hora sala de
visitas. Sempre prazerosas, mesmo quando os assuntos são ácidos ou geradores de
discórdias e debates. Porque na vida não recebemos sempre aplausos e
concordâncias e nas redes sociais não deveria ser assim também. Aliás, o uso
que se faz dessa ferramenta maravilhosa, que aproximou tanto as pessoas
possibilitando reencontros fantásticos e muito mais conhecimento dos amigos, é
sempre motivo de polêmica. Uns acham que só se deve colocar abobrinhas em nossa
linha do tempo, outros têm medo de publicar até uma fotinho dos seus rebentos,
há os que só postam comida e comem com os olhos, outros mais colocam músicas
(antigas na maior parte das vezes) e muitos preferem discutir a situação
vergonhosa de corrupção do país e procuram candidatos para tentar sair desse
buraco fétido onde nos colocaram. Tudo é válido, tudo imita a vida, assim mesmo
é que deve ser.
Estamos
em tempos de Copa do Mundo, ainda não recuperados da tragédia que foi a anterior,
quando perdemos de 7 a 1 da Alemanha já nas semifinais. Não gosto de futebol.
Acho cansativo ficar vendo aqueles jogadores correrem de um lado para outro por
quase duas horas e às vezes terminarem a partida em 0 X 0. Curiosamente, os
jogos de Copa do Mundo eu curto e torço muito pelo Brasil nos jogos. Surpreendo-me
com algumas pessoas que acham que, como o país está cheio de problemas, a
seleção não tem o direto de sair bem. Porque o salário dos jogadores é alto,
blá, blá, blá. Só que os salários dos jogadores são pagos pelos clubes que os
contratam, a maioria do exterior e o salário dos políticos, esses sim, são pagos
com o dinheiro do povo. E quantos vão continuar votando naqueles safados que
estão lá! Vão sim! Se não votassem eles não estariam lá por tantos mandatos,
mamando sofregamente nos nossos impostos.
Realmente,
os momentos que interajo com os amigos nas redes sociais povoam meus dias,
quase sempre vazios, rotineiros, só presente. São momentos preciosos em que não
me sinto tão sozinha, nem tão confinada. Como quase tudo na vida tem dois
lados, essa interação diminui meu tempo de leitura, de piano, de cozinha, de
escritura e sei que preciso estruturar melhor minha rotina para que não deixe
prejudicadas essas outras atividades tão prazerosas para mim.
Sinto
falta de muitos amigos nas redes sociais, gente que dava prazer conversar e que
hoje está sumida, ou dedicada a outros canais de comunicação, mais individuais,
ou de grupo, que não são a minha praia.
Sinto
falta também de mim. Do tempo em que eu sorria mais e suspirava menos, que
minhas conversas com a minha mãe eram animadas, cheias de lembranças e risadas
e ela possuía uma luz e um vigor que se extinguem aos poucos, diante dos meus
olhos, independentemente da minha vontade. Vivo um luto antecipado, a falta do
companheirismo da minha melhor amiga, ainda tão lúcida e com pernas que, para
sua tristeza, começam a fraquejar.
A
saudade do filho distante vai corroendo a alma e, numa grandeza que só os pais
conseguem ter, ainda consigo torcer para que ele permaneça onde está, se assim
é que se sente feliz.
Bom
é ver os pequenos crescendo, o neto namorando, a caçula se formando e se preparando
para encantar com sua chegada, as princesinhas desabrochando em esperteza e encanto.
É a parte boa, a parte melhor, o oásis.
E eu
estou em tudo isso e também na estante abarrotada de livros, nos armários
repletos de álbuns de fotografias, na estante dos troféus literários, nas orquídeas
e violetas cuidadas com esmero, na magia dos experimentos culinários geralmente
bem sucedidos e, mais do que em tudo isso, estou nos livros que escrevo, em
cada página, cada linha, cada palavra. Em nenhum outro lugar sou tão eu, mesmo
quando não falo de mim.
Por
isso, digo sempre - “Quem não me lê, não me conhece.”
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