Escrevo quando sinto que preciso transbordar... e quero, cada vez mais
e melhor, dominar a difícil arte de escrever fácil!
Há quem goste da linguagem rebuscada, pomposa, oriunda dos
livros que o escritor leu e da mediação dos professores catedráticos que lhe
prepararam, exímios na arte exibicionista de complicar as palavras, esperando,
assim, serem elevados a um patamar acima dos alunos e dos leitores.
A linguagem é, sobretudo, comunicação. Se não foi entendida,
não comunicou; perdendo, assim, sua primordial função.
Palavras são bonitas ou feias, sonoras ou desafinadas.
Quando em conjunto, devem se harmonizar e produzir algo que viaje ao encontro
do interlocutor, ou leitor; que desbloqueie seus segredos, provoque sua
sensibilidade e o faça se transformar, para melhor, ou para pior.
Não há razão para a escolha da sintaxe mais complicada, ou
de palavras difíceis, de pouco uso e quase nenhum entendimento. O texto, assim,
vira um “livro técnico”, destinado unicamente aos iniciados na literatura
acadêmica, aos plagiadores inconfessos dos mestres, atingindo um grupo muito
restrito, formando aqueles questionáveis “círculos de leitura”, cujas conversas
costumam girar sempre em torno dos mesmos nomes e dos mesmos títulos.
Infelizmente, são esses os vencedores dos atuais “grandes
concursos literários”. São esses julgadores que exigem que se conte uma
história em apenas uma lauda e meia. Uma história sem personagens, nem
diálogos, apenas elucubrações de uma cabeça atormentada, debatendo-se entre os
fantasmas que o conduziram até ali.
Será uma nova tendência literária?
Será a causa da diminuição geométrica do número de leitores?
Ou, quem sabe, vale a premissa de que “quantidade não é
qualidade”?
Nesse caso é. Porque um povo que lê deixa de ser escravo de
sua própria ignorância e consegue avaliar muito melhor sua passagem pelo mundo,
fazendo melhores escolhas, determinando suas metas, alargando horizontes e se
permitindo sonhar, divagar, viajar nas páginas que lê.
Com a nova e empolada escritura dos jovens escribas, perde a
literatura, perdem os leitores e se perde ele próprio.
Pena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário