Obrigada, Senhor, por ter nascido há 67 anos!
Num tempo sem tanta tecnologia, mas muita fruta madura no
pé.
Num tempo de liberdade, com medo apenas do escuro e de
assombrações.
Agradeço aos Céus por ter vivido minha infância nos pátios, pulando
muros, correndo nas calçadas e até no meio da rua (raramente passava um carro,
bem devagar), indo a pé para a escola com os amigos e vizinhos e ao cinema
sempre aos domingos.
Sem televisão, sem computador, sem celular a vida era tão
mais intensa e saborosa!
Os pais olhavam para os filhos quando conversavam com eles,
os vizinhos se conheciam e se visitavam e nem de automóvel a gente sentia
falta.
Ninguém falava em política, nem brigava pelas ideias ou
gostos de cada um. As pessoas se respeitavam mais.
Havia muito mais camaradagem e a gente tinha orgulho do
lugar onde nascera e onde vivia.
Os mais velhos eram respeitados, os professores também e as
crianças sabiam que deviam ouvir e obedecer aos adultos.
Obrigada, Senhor, por ter nascido em 1952, no Brasil, no Rio
Grande do Sul e em Alegrete!
Não trocaria meu tempo de criança, adolescente, jovem por
nenhum avanço tecnológico.
Que bom que nasci num tempo em que as pessoas liam muito,
aprendiam a tocar um instrumento, dançavam nos bailes, namoravam de mãos dadas.
Foi muito bom comer frutas e verduras sem agrotóxico, carnes
sem hormônios, leites puros.
Mil vezes ter lavado tantas fraldas de pano do que ver os
lixões cheios de fraldas descartáveis e sacolas de plásticos com cocô de
cachorro, num mau cheiro insuportável.
Muito melhor não ter comida pronta, nem forno de micro-ondas
e comer alimentos frescos e saudáveis, cozidos no fogão à lenha.
Mais uma vez, Deus Pai, no dia do meu 66º aniversário, quero
agradecer pela época e pelo lugar onde nasci, pela família e pelos amigos
maravilhosos que me deste e pela Fé que faço de tudo para não perder.
Oxalá meus filhos e netos consigam descobrir os valores
reais da vida e viver num mundo bem melhor do que este.
Deus queira!
2 comentários:
Nascemos no mesmo ano, mesma cidade Alegrete, sou de Janeiro, e tudo que descreves também vivi.É muito prazeroso ter tido infância de pé descalço, comer fruta do pé, água não era garrafa, brincava até a hora de chamar para a janta. Sim, fizemos parte de uma época dourada, éramos felizes com certeza . Parabéns e que venham outros aniversários.
Maria Luiza, parabéns pelo teu aniversário e parabéns por essa crônica, com relatos também muito familiares para mim. Sou igualmente muito grata pela vida que tive na infância e juventude - tão saudável, tão calma, tão simples, tão rica em valores e onde não havia espaço para o desrespeito (e suas variantes), que viceja hoje em todos os lugares.
Que tenhas alegrias, disposição e saúde, neste novo ano de vida, amiga!
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