Sabe quando você acorda, ou melhor, levanta da cama, já que
acordou mil vezes durante a noite e tem um sol debochado incendiando lá fora, enquanto
sua alma está sorumbática, seu coração apertado e os olhos apagados?
Sabe quando seu coração acelera, a boca seca e fica tudo
cinzento, sem graça, sem sentido?
Não sabe? Que bom!
O tal copo meio cheio ou meio vazio é uma imagem perfeita,
assim como o da gota que o faz transbordar.
Ando assim faz algum tempo...
Minha alma gosta de ficar quietinha, de não se envolver em brigas,
de escrever sossegada, de ler em silêncio, de saborear as coisas essenciais da
vida e transformá-las em letras e palavras que façam sentido para alguém.
Só que a vida me cobra outras atitudes, outros compromissos,
outros problemas, outras reclamações, outras iniciativas que não condizem com
meu jeito de ser. E não tenho com quem dividir, tudo depende de mim...
Bem-aventuradas as grandes famílias, com muitos filhos e
filhas, onde tudo pode ser repartido, multiplicado, revezado.
Feliz de quem tem uma parceria sólida na vida, daquelas que
pegam junto e aliviam o peso da jornada dividindo responsabilidades, enfrentando
junto os problemas.
Hoje eu só queria uma boa notícia, ou pelo menos momentos de
paz, de sossego, de amenidades, quem sabe meu mar com suas ondas calmas e as
gaivotas por perto, porque nem a oração está conseguindo aplacar essa ansiedade
causada de fora para dentro, vinda dos outros e esmagando o que há de melhor em
mim.
Sempre fui rocha, fortaleza, muro de arrimo. Hoje me sinto
areia movediça.
Não gosto de me sentir assim.
Overdose de problemas, carência de apoio, maxilar apertado,
coração acelerado, sem solução breve, porque tudo fica ainda mais difícil quando
não depende só de nós.
Daria o tesouro que não tenho por um pouco de paz, de
sossego, de recolhimento literário, de boas notícias, de presenças queridas e ausência
de pessoas desagradáveis.
Oxalá.
É a vida, é a vida e nem sempre ela é bonita.
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