Escrevo desde que aprendi a escrever, com seis anos de
idade. Não parei mais. Lápis, caneta, giz, carvão, pedaço de pau na terra,
máquina de escrever, computador, tablet, celular, pra mim tudo isso só serve
como ferramenta pra minha alma conseguir se expressar.
Sou louca pelas palavras escritas! A junção mágica das
letras dando voz aos pensamentos e sentimentos. Isso me fascina!
Escrevo por hábito, por vício e por necessidade. Só por
escrito consigo desabafar, sem brigar, nem explodir. As palavras ditas,
gritadas, parecem bombas devastadoras, enquanto as que escrevemos funcionam
como tiro ao alvo e atingem só o que ou quem desejamos realmente atingir.
À medida que as frases vão se formando, os parágrafos vão
sendo construídos, vou conseguindo respirar e entender melhor a avalanche de
ideias, emoções e sentimentos que ameaçam me sufocar.
Fui uma menina sozinha numa grande casa, entre dois irmãos
homens e muitas regras.
Viajei muito mais do
que desejaria em mudanças de casa e de vida, sempre deixando pessoas queridas
para trás.
Meu Diário foi sempre
o amigo presente, substituindo os parentes e amigos ausentes, uma vez que o
telefone jamais me satisfez.
Tive Diários desde a adolescência até a envelhescência. Só
parei de escrevê-los quando criei o primeiro blog e comecei a editar meus
livros. Naqueles tantos cadernos e agendas está a seiva que percorreu minha
jornada, porque nunca fui de fazer confidências, fui mais ouvinte do que
falante, a não ser com esses amigos queridos, tantas vezes vítimas da
indiscrição de algumas pessoas da família.
Pois agora resolvi abrir a grande caixa e, aos poucos, ir
relendo e compondo os personagens do romance que está querendo nascer.
Não é fácil, nem simples, reviver coisas que talvez fosse
melhor ter esquecido. Num Diário raramente contamos alegrias, são desabafos
mesmo, coisas que estão perturbando nossa paz interior.
Junto com as capas coloridas, algumas fotos, cartões,
souvenires; eis que começaram logo a pular de dentro caixa sorrisos, lágrimas, frustrações,
choro de bebês, risadas de crianças, sonhos e planos, queixas, desabafos, declarações
de amor, autocrítica, autocensura, confidências, suspiros, insônia, sono
demais, alegria, euforia, tristeza, mágoa, decepções, medos, angústia,
expectativa, fracasso, sim, não, talvez.
Enfim, já no primeiro momento, ganharam a liberdade todos
esses sentimentos ali aprisionados, tudo aquilo que compõe nossa trajetória
pela terra e que chamamos VIDA!
Agora, vamos ver como consigo organizá-los para criar algo
melhor e mais interessante do que apenas reviver o que já foi vivido.
Assim começo mais essa empreitada rumo ao gênero mais
completo e complexo da literatura, que é o romance.
Vamos lá!
Um comentário:
Como sempre, aguardando ansioso este teu próximo voo. Sucesso!
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