Entrevista dada à editora Alternativa de Porto Alegre:
1) Já tens 10 livros
publicados com diversas crônicas e contos. Como é alimentada tua inspiração?
Quem tem alma de cronista, como eu acho que tenho, qualquer
assunto do momento, ou uma atitude de alguém, um momento inusitado, um
questionamento, uma decepção, uma vitória, enfim, tudo é mote para uma crônica.
Já os contos nos livram da autoria e, com isso, podemos dar mais
asas à imaginação, ousar mais, deixando um pouco em luz baixa a figura do
leitor.
2 2) Seus netos Alice, Lucas e
Bruna são coautores e personagens de duas publicações. Eles pediram ou os
convidaste a participar?
Hoje meus netos são quatro, com a chegada da Lívia.
Na verdade, apenas a Bruna teve participação em algumas histórias,
porque ela sempre foi muito criativa e sempre ficou mais na minha casa, dando
opinião, mudando o final, escolhendo o nome dos personagens.
Lucas e Alice foram personagens de dois contos, baseados em seus
traços físicos, ou em suas aptidões escolares.
3 3) Qual foi a reação deles e
a tua ao ver as obras prontas?
Os dois mais velhos gostaram bastante, se acharam nas histórias,
leram para os amigos. As duas menorezinhas ainda não têm ideia de nada, são bem
pequenas.
Mas, além deles, muitas crianças curtiram os livros, algumas
escolas fizeram lindos trabalhos com eles, os filhos e netos dos meus amigos
também comentaram, se identificaram no universo infantil que descrevo. Não são
livros apenas para os meus netos, ou sobre eles. Eles me motivaram a começar a
escrever para crianças, mas daí minha experiência como professora das séries
iniciais durante vários anos e depois como professora de Literatura Infantil no
Curso de Pedagogia me embasou para desenvolver os projetos.
4 4) A participação dos
pequenos na obra despertou maior interesse deles na literatura?
Como já falei, eles gostaram bastante, embora continuassem com
suas preferências por esse ou aquele lazer. Ela gosta mais de histórias, ele
mais de calcular. Já outras crianças que tiveram contato com os livros, de
acordo com a aptidão e o incentivo familiar e didático que cada um recebeu,
criaram lindos trabalhos a partir das histórias, dando outros matizes ao que
foi contado ali. Muito bom de ver e saber!
5 5) Qual foi a participação
das crianças na elaboração das histórias?
Apenas Bruna teve participação efetiva no processo de criação dos
contos. Os outros emprestaram seus nomes, suas peculiaridades, sem nenhum
comprometimento maior, até porque os livros devem andar, viajar, chegar longe,
onde ninguém conhece estas crianças e com a finalidade primordial de escrever
para e sobre TODAS AS CRIANÇAS!
É importante ressaltar que apenas dediquei os livros aos meus
netos e não escrevi apenas para eles!
6)
Quais são teus planos para as publicações futuras?
O livro infantil é um
livro muito caro. As ilustrações, as cores, o papel, enfim, dificilmente se
consegue vender pelo preço de custo, quase sempre abaixo.
Isso só mudaria se
pudéssemos fazer milhares de cópias, o que resultaria em pilhas de caixas de
livros amontoadas em nossa casa.
Por isso, todo ano imagino
que seja o último que escrevo para as crianças. Infelizmente. Neste ano ainda
pretendo lançar um livro para crianças maiores, apenas um conto.
Muitos pais preferem pagar
um sorvete, um gibi com brinquedo, qualquer coisa a pagar por um livro. Para esses pais, tudo é barato, mas o livro é
sempre caro.
Pretendo lançar também mais um livro de contos, sempre tentando sufocar essa minha veia inata de
cronista para poder investir mais nos contos e no romance que ainda quero
escrever e que já comecei a rascunhar
Não pago mais para
escrever, a não ser para os meus próprios livros. Se o retorno é pouco, preciso
concentrar mais e mais meu objetivo.
De agora em diante, só
farei parte de publicações que sejam gratuitas, resultados de concursos nos
quais tenha me destacado.
Por sinal, pela primeira vez vou receber um prêmio em dinheiro, em francos suíços, pelos dois primeiros lugares que conquistei no concurso anual do Varal do Brasil em Genebra. Um dia ainda serei paga para escrever, se Deus quiser!
E é essa a luta diária de
quem escreve no Brasil.
Obrigada pela
oportunidade.
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