Há tempos vinha invejando as pessoas que contavam seus
sonhos, diante da certeza de que eu não sonhava mais. Poxa, mas nem dormindo?! Diziam
que eu sonhava, só que não recordava o sonho ao despertar, mas isso para mim
era a mesma coisa que não sonhar.
Até que, não sei por que cargas d’água, de repente meu
sonhador despertou e eu comecei a sonhar todas as noites, as noites inteiras.
Coisa boa! Sonho com gente, com bicho, com comida e, principalmente, sonho com
meus queridos que já partiram dessa vida e essa é a melhor parte.
Acordo renovada, depois de conversar com meu pai, ouvir a
voz da minha avó que já não lembrava direito do tom, voltar a morar na minha
casa grande lá do meu Alegrete, conversar com os colegas no Oswaldo Aranha,
enfim, é uma visitação aos meus lugares sagrados impossível de ser feita nas
horas de vigília. E agradeço a Deus por isso!
Embalo meus filhos pequenos, que se misturam aos netos;
preparo os pratos mais difíceis e apreciados pela família; bebo champanhe;
danço, canto, namoro, recebo os prêmios que sempre almejei, enfim, no momento,
está mais vantajoso para mim dormir do que ficar acordada.
Tomara que essa fase perdure, que minhas noites não voltem a
ficar silenciosas e que eu possa continuar vivendo, pelo menos em sonho, tudo aquilo
que ainda não me foi possível viver, ou que já não me é mais permitido.
Acordar com um sorriso travesso estampado no rosto, os olhos
brilhantes e o coração aquecido não tem preço!
Sonhar é mesmo muito bom!
Um comentário:
Amei o texto Maria Luiza!
Postar um comentário