Acumular é mais do que juntar, mais do que guardar, é
compensar alguma grande carência.
Sem falar nos casos patológicos, existe muita gente “normal”
acumulando coisas pela vida. Objetos, sentimentos, mágoas, desafetos, tudo bem
resguardado, inviolável, amargurando a vida, e se constituindo num fardo pesado
para arrastar.
Como em quase tudo, há casos e casos. Encontramos gente que
guarda uma grande quantidade de coisas, mas tudo organizado, conservado, catalogado,
quase um tesouro. Outros só não se desfazem dos objetos para não ter o trabalho
de selecionar, então vão enchendo armários e gavetas com tudo o que imaginam
que um dia possam precisar.
Existem pessoas que não conseguem doar nada seu, como se
naquele sapato, bolsa ou roupa velha estivesse um pedaço da sua vida que outra
pessoa vai se apropriar. Isso começa na infância, com crianças que jamais são
incentivadas a doar seus brinquedos em desuso e desconhecem a sensação gostosa
de ver a alegria que uma boneca jogada num canto pode causar a outra menina que
não tinha nada para embalar nos braços, ou a bicicleta velha enchendo espaço
para um menino que nunca possuiu uma.
Há os que acumulam mágoas, ressentimentos, sempre à espera
de uma oportunidade para “dar o troco”, azedando a própria vida, destruindo
momentos importantes, perdendo a chance de se sentir mais leve e mais feliz.
Na verdade, precisamos de bem pouco para viver. Muitas pessoas
compensam frustrações adquirindo bens materiais, exibindo aquisições muitas
vezes desnecessárias, coisas que sempre quiseram ter e não tiveram, mas que
agora não fazem o menor sentido.
Crianças, então, ligam quase nada para armários e gavetas
repletos de roupas e sapatos que pouco lhes interessam. Ainda os brinquedos
fazem mais sentido para elas, mas só se tiver alguém para brincar junto, para
contar histórias, para compartilhar a infância. E muitos pais continuam
querendo “comprar” os filhos com presentes, numa tentativa de vê-los envolvidos
com os brinquedos novos, sem reclamar a sua companhia. Geralmente, essas
crianças perdem o interesse pelo presente já no dia seguinte.
Feliz de quem já descobriu a sensação de leveza ao esvaziar
sua casa dos excedentes, dos supérfluos e poder organizar seus pertences de
modo a curtir melhor o que realmente importa, sem aquela montanha de excessos
enfiados por toda a parte.
Com a chegada do inverno, cabe uma boa seleção nos armários
a fim de aquecer outras pessoas que padecem sem agasalho. Sua casa ficará muito
mais aconchegante sem tanto entulho e você sentirá a sensação benfazeja de ter
ajudado alguém e a si próprio. Só não vale usar como pretexto para comprar tudo
de novo!
A equação é simples, é batida: o importante, o essencial é
SER e não TER!
Ninguém mede o outro pelo que ele tem e, sim, pelo que ele
é. Pelo menos as pessoas razoáveis fazem isso. E as outras não interessam.
Chega de acumular!
Desapegue!
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