Ontem fui ao teatro, com meu fiel escudeiro que sabe
apreciar um bom texto e uma boa representação.
Não direi o nome da peça que assistimos porque não teríamos
elogios a ela e propaganda negativa não tem graça. Meu sábio pai já dizia que,
se não temos nada de bom a dizer sobre uma pessoa, ou um acontecimento, é
melhor não dizer nada.
Curitiba estava quente, abafada, nem parecia a cidade
da brisa geladinha que tanto aprecio. O trânsito complicado, o teatro lotado e
a peça em única apresentação na cidade, com atores globais no elenco.
Ao soar o segundo sinal desligamos os celulares, não
confiamos nem no modo silencioso, pois morreríamos de vergonha se ele tocasse
no meio da representação. Também, para que a gente precisa estar disponível
durante uma sessão de cinema, ou uma peça de teatro?
Ingressos muito caros e nós usufruindo uma das únicas
compensações do envelhecimento, que é a volta da meia entrada. Esta, o
estacionamento facilitado e as filas preferenciais constituem a trilogia de
satisfação dos envelhescentes.
Muitos jovens no teatro, o que, a princípio, nos
pareceu um indicativo muito positivo de que a arte ainda poderia aparar muitas
arestas das novas gerações. Não quero acreditar que estivessem lá apenas para
ver de perto os atores das novelas da Globo.
Luzes apagadas, música e refletores iniciando e, de
repente, a platéia parecia invadida por bandos de vagalumes, inclusive ao meu
lado e nas filas adjacentes. Vocês acreditam que aquelas moças bonitas,
finamente trajadas passaram a peça inteira teclando no celular?! Isso mesmo!
Mensagens de ida e volta, com luzinhas irritantes refletindo na cara da gente e
olhando de vez em quando para o palco. Certamente combinavam o programa que
fariam a seguir, ou namoravam, sei lá. O fato é que, se a peça não fosse
fraquinha, eu ficaria muito irritada com aquela falta de tudo!
Vejam só, uma pessoa paga uma nota preta para ir ao
teatro e lá não desgruda do celular! Inconcebível! Não consigo ter compreensão
para uma coisa dessas. Não pode ser apenas modernidade, aliás, esta tal
modernidade encobre toda a falta de educação, princípio e cultura do mundo! Ser
moderno, ao que parece, é não seguir nenhuma regra de boa conduta e deitar por
terra os últimos resquícios de civilidade e compostura.
Irritados com os inconvenientes vagalumes e com a
fraca performance no palco, desistimos da famosa esticadinha e viemos tomar um
vinho e comentar os acontecimentos em casa mesmo.
Pouco tempo depois de descalçarmos os sapatos lindos
e incômodos e fazermos o primeiro brinde, caiu o maior temporal em Curitiba,
com raios, trovões, granizo, vento e, inclusive, falta de luz até a madrugada.
Desta vez o Murphy foi bonzinho... ainda bem!
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