Minha matéria preferida na escola sempre foi Português. Que
já se chamou Língua Portuguesa e até Língua Nacional. Tive excelentes
professores dessa disciplina, que me fizeram ficar cada vez mais inclinada para
a área de Letras. Dona Domingas Faraco levava para a aula trechos difíceis de
autores consagrados para me desafiar na análise sintática, sempre com muitas
orações reduzidas complicando bastante. E nos dias de prova as colegas da
faculdade brigavam para sentar perto de mim. Além disso, sempre fui uma leitora
voraz, hábito que adquiri em casa com o exemplo dos meus pais e o incentivo
deles. Assim que me alfabetizei já devorei a coleção completa de Monteiro
Lobato e não parei mais. Até hoje estou sempre lendo algum livro, sem faltar um
só dia. Quando um termina, na mesma hora começo a ler outro. Sempre têm alguns
na fila, pois vivo comprando.
No momento, estou lendo Dickens (A vida e as aventuras de
Nicholas Nickleby, 1838), um livro de novecentas páginas que ele escreveu com
apenas vinte e seis anos de idade. Tosltoi, Jane Austen, Hemingway e muitos
outros escreveram livros imensos, deliciosos, com um vocabulário vastíssimo que
volta e meia me fazem recorrer aos dicionários, tal é o encurtamento das
palavras usadas em nossa rica língua. Caem em desuso porque não são utilizadas,
mas existem e são lindas! Nomes de plantas, de flores, descrições de lugares,
sensações, chega-se ao ponto de imaginar que estão escritos numa língua
estrangeira, já que raramente os lemos em algum lugar.
Que mal fez a essas novas gerações o computador, a
televisão e o celular! Sim, mal! Porque acabaram as relações humanas, a
interação das famílias, as pesquisas escolares bem feitas e a língua foi
assassinada cruelmente, com abreviaturas ridículas e erradas – sim, porque existem
regras para se abreviar! Uma linguagem tatibitate que não leva a lugar algum
além do ridículo. Tudo para ser “moderno”, engajado em coisa nenhuma e incapaz
de escrever um parágrafo sem no mínimo meia dúzia de erros gramaticais ou
sintáticos.
Lamento por quem não aprendeu a gostar de ler. Tenho pena
de quem escreve tão errado e não se esforça para melhorar. O que vale é a
imagem, a fotografia, o visual. Sendo que as palavras são tão mais bonitas e
exprimem tão melhor os sentimentos e os pensamentos!
Olho para meu
robusto e muito utilizado Aurélio na estante e penso... para o que se lê, se
escreve e se fala hoje os dicionários poderiam ter o tamanho e a espessura de
um gibi!
Lamentavelmente.
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