Não é saudosismo, juro, o que me leva a
traçar este paralelo entre as crianças de ontem e de hoje. Nem faria sentido,
uma vez que torço muito pela infância de hoje, das minhas crianças. Mas, que no
meu tempo era melhor, ah, isso era!
Fico penalizada ao constatar que as crianças,
agora, têm duas palavras muito fortes na sua vidinha: "falta" e
"quero".
-
falta
tempo;
-
falta
espaço;
-
falta
liberdade;
-
falta carinho;
-
falta
criatividade;
-
falta
diálogo;
-
falta
leitura...
E, ao mesmo tempo, vivem dizendo:
- quero um videogame;
- quero uma bicicleta;
- quero jogos importados;
- quero patins;
- quero skates;
- quero todas as bonecas;
- quero a família dos ursos;
- quero tênis de rodinhas;
- quero todos os brinquedos que
aparecem nos comerciais de TV...
Frente a essa realidade, a esse
consumismo alucinante que não poupa nem as crianças, precisamos parar e
analisar de que maneira poderemos ajudar nossos filhos a viver plenamente a
infância, a brincar de verdade e não apenas "segurar" brinquedos.
Esse assunto de "leitura x
TV" parece até monótono de tanto que é discutido, mas nunca será tarde
para oferecermos aos nossos filhos alternativas de recreação.
No meu tempo fazíamos "horas de
arte" para apresentar aos adultos, líamos muito e brincávamos de um sem
número de coisas.
Hoje, as nossas crianças não conhecem
nem mesmo as cantigas de roda. E jamais conseguiriam fazer um caminhão ou uma
casa de bonecas, a partir de caixotes ou latas sem uso.
Das merendas da escola foram banidas as
frutas, o pão com bife, o ovo cozido, as geleias. Só vale lanche
industrializado, biscoitos com recheios artificiais e guloseimas que só
favorecem o bolso dos dentistas.
E as nossas crianças adoecem mais,
tomam remédios demais, não têm quase resistência. Pudera! Com os agrotóxicos
nos alimentos, com a poluição crescente do ar e dos rios, com a falta da rotina
nas refeições e ainda cheias de petiscos fora de hora, não se poderia esperar
outra coisa.
Ah! Mas eu queria mesmo era poder
transportar estes pequenos, que estão cheios de cultura inútil e pouco sabem da
natureza, ao Alegrete do meu tempo, para brincar com eles nas ruas tranquilas,
cheias de cadeiras nas calçadas (não havia novelas de TV); de mães menos
cuidadas, mas sempre presentes; de pais sorridentes sem o "sufoco da
crise" e de amigos, ruas inteiras de amigos para brincar (como a Mariz e
Barros).
Vamos ajudar nossas crianças,
transmitindo-lhes nossa cultura popular e tentando mantê-las, o quanto for
possível, afastadas desse consumismo, dessa crise de dinheiro e de valores
morais, dessa inconsequência do mundo atual.
Eu tenho certeza de que eles vão
preferir uma história contada com capricho pelos pais a esses infindáveis
desenhos na TV.
Não custa tentar!
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