Como a maioria das meninas, brinquei muito de professora.
Como
a maioria das jovens do meu tempo, formei-me na Escola Normal para ser
professora. E continuei no curso de Letras, professora também.
Sempre gostei de ensinar e creio firmemente que ensinar é um dom, nem todo
mundo consegue se fazer entender, nem todos conseguem transmitir aquilo que
sabem.
Do
bebê ao idoso, passando pela empregada doméstica, pelo zelador, pelo lixeiro,
pelos filhos, pelos netos, pela manicure, estou sempre tentando ensinar alguma
coisa que eu saiba e veja que faz falta para o outro.
Fui
professora (profissionalmente) durante trinta anos. Neste tempo, ensinei e
aprendi em igual proporção, haja vista que os alunos sempre têm muito a nos
ensinar também.
Hoje
em dia, notadamente nas escolas públicas, não deve estar sendo fácil ser
professor. Com a falta da família na vida das crianças e dos jovens, o trabalho
do professor triplicou, virando quase uma missão, mal reconhecido e mal pago.
Os políticos de todos os partidos e de todos os tempos chegam a gastar a
palavra "educação" em suas campanhas eleitoreiras, todavia, ao
assumirem o poder, esquecem as promessas com uma facilidade incrível, porque as
escolas não geram renda e a educação é um fruto que demora a ser colhido.
Se
a educação fosse melhor, não haveria tanta violência, tanto tráfico, tanta
miséria, tantas doenças, tanto filho brotando dos viadutos como erva daninha,
que ninguém quer, a não ser para arrancar e jogar fora.
Ensinar,
de forma global, é um dos atos mais lindos permitidos ao homem. Pegar aquela
criança como massa de modelar e ir transformando-a num cidadão completo,
seguro, consciente de seus direitos e de seus deveres é a forma mais abrangente
de educar, é a tarefa mais sublime do professor.
Quem
nunca esteve diante de uma turma com tantos olhos e ouvidos atentos bebendo
suas palavras, desconhece uma das mais gratificantes missões e só por isso
tantos professores continuam a desempenhar suas funções apesar dos baixos
salários, do descaso dos governantes, do desajuste total de muitos jovens.
Creio
que existem bons e maus profissionais em todas as profissões; no entanto, pela
dificuldade crescente na carreira e na sala de aula, penso que os professores,
com raríssimas exceções, são sempre bem intencionados, querem o melhor para
seus alunos e, se não conseguem o resultado esperado, é porque foram eles
mesmos vítimas de um sistema educacional ineficiente e esquecido pelas
autoridades.
Neste 15 de outubro
estendo meu abraço a todos os colegas que perderam a voz ministrando mais aulas
do que suas cordas vocais suportariam, acabaram com suas mãos e suas
roupas naquele pó de giz cheio de cal e nunca conseguiram que seu
minguado salário chegasse ao final do mês.
Parabéns professores!
Parabéns pela raça e pela garra! Não desanimem, os alunos precisam de vocês!
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